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Opinião
13 de Dezembro de 2010 às 11:38

Quem não ganha, perde

Os estádios estão cheios de boas intenções enterradas.

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Estão ali soterrados projectos de longo e médio prazo, tentações empresariais, craques que dão pouco em campo e treinadores salvadores. O futebol é um jogo amoral. O seu tribunal apenas decide em função do último resultado. É esse o grande drama do sr. Jorge Jesus na Luz. Ele nunca será julgado ou condenado pelas suas inconsequentes frases que, normalmente, contradizem o que foi dito no minuto anterior, na semana anterior ou no mês anterior. O sr. Jorge Jesus é a contradição em pessoa porque não tem ideias formadas. Hipnotizado por um ano de sucesso julgou que não precisava de crescer intelectualmente. Agora o céu caiu-lhe em cima da cabeça. E esta, no tribunal da Luz, está por um fio.

Os adeptos de futebol não têm paciência para grandes discursos. Encaram um jogo como uma canção pop. Ou a ouvem e ficam a assobiar ou esquecem-na. Ou ganham ou pedem a cabeça de treinador e jogadores. No futebol não há tempo. Há liderança, vontade de vencer e vitórias. Tudo o resto é irrelevante. As declarações bem intencionadas valem zero. O problema do sr. Jorge Jesus foi que se no primeiro ano como treinador do Benfica pode adoçar o seu ego como queria, porque ia ganhando e os jogadores aceitavam a sua liderança, este ano essa arquitectura desmoronou-se. O Benfica deixou de ganhar e aí o sr. Jorge Jesus começou o seu calvário. E a bola de neve foi aumentando: os novos reforços não convenceram, as suas frases de auto-elogio esquecendo os jogadores tornaram-se patéticas, as exibições tornaram-se depressões contínuas. Os jogos contra o Happoel e com o Schalke 04 foram o fim de um ciclo.

Sabe-se como é no futebol. Uma vitória vale a unanimidade. Várias derrotas transformam o herói de ontem no vilão de hoje. O sr. Jorge Jesus deixou de ser o Super-homem. É a kryptonite do Benfica. O que vale para ele vale para os jogadores: quando alguém usa o drible e sai bem é um génio. Se sai mal é uma galinha. A época passada o sr. Jorge Jesus era um mestre: transformara o sr. Di Maria num mago. Esta época é um pedregulho: onde toca faz asneira. Na época transacta cada substituição era um toque de génio. Esta cada vez que faz uma substituição afunda a equipa.

O discurso do futebol não muda, por mais estatísticas, SAD e projectos a prazo que se inventem. É um desporto básico que causa alegrias e depressões com facilidade. Quem o encarar de outra maneira está errado. Levá-lo a sério, como tenta fazer o sr. Jorge Jesus, sai caro. Ao próprio, é claro.
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