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21 de Agosto de 2006 às 13:59

Por que tardam os parques temáticos?

Em Portugal a aposta no turismo – motor do bem-estar social e gerador de riqueza – apresenta-se, inquestionavelmente, válida a diversos níveis.

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O reforço da actividade turística não só permitirá voltar a incutir confiança nos investidores para que acreditem na capacidade do país e da economia mas também porque os investimentos no turismo podem revelar-se uma importante «referência» para o sector industrial e terciário, permitindo – de forma directa ou indirecta – relançar também estes sectores.

Contudo, ainda existem no nosso país diversas vertentes do turismo por explorar. Num momento em que assistimos ao envelhecimento progressivo da população europeia, a temática do turismo sénior aumenta de pertinência. Sendo o nosso país dotado de excelentes condições naturais e climáticas escasseiam locais ao ar livre, em particular especialmente concebidos e desenvolvidos para os mais idosos – como as termas ou até parques temáticos que suscitem o interesse destes e ofereçam uma ampla variedade de serviços – ou para as crianças e os jovens.

Além disso, e se os principais mercados emissores para o turismo nacional são o Reino Unido, a Alemanha, a Espanha, a Holanda e a França, é preciso também saber atrair a clientela norte-americana e asiática (sobretudo japoneses) que detém um forte poder de compra. Certamente que muitos destes turistas procurarão também a vertente lúdica e cultural do turismo - sabemos que a maioria destes turistas dedica grande parte do seu tempo de estadia, num determinado destino, a visitar museus e locais de interesse histórico-cultural – mas esta procura só poderá ser satisfeita se a oferta cultural existente no país for suficientemente atractiva.

Ora, o nosso país – não obstante uma vasta herança histórica – não tem um correspondente património histórico. Em Portugal a oferta cultural é diminuta relativamente ao que acontece noutros países europeus, como em Espanha, em França ou no Reino-Unido. Seria desejável reforçar a oferta cultural portuguesa e conferir-lhe projecção turística internacional, realçando também o seu potencial em matéria de conhecimento do património histórico e cultural. É preciso, pois, conceber projectos inovadores com o objectivo principal de criar espaços de lazer e diversão diferentes, aliados à cultura, à educação e, simultaneamente, de estimular o desenvolvimento e o bem-estar.

E se o património urbano cultural é relativamente reduzido – salvo raras excepções, são poucos, por exemplo, os monumentos de referência que invocam a época áurea dos Descobrimentos – a ideia de, por exemplo, construir um parque temático dedicado aos Descobrimentos, com reconstituições históricas e/ou reproduções desta época emblemática para a nossa história, que paralelamente desenvolva actividades de animação cultural, podia ser acolhida com êxito.

Por exemplo, segundo o Achus Theme Parks World Guide, Portugal apresenta uma oferta de apenas 11 parques temáticos, constituída sobretudo por parques aquáticos e por parques zoológicos. Ainda segundo este guia internacional, na Europa, a Espanha é o país que lidera a aposta em parques temáticos, possuindo no conjunto cerca de 176 parques: por exemplo, só a Catalunha oferece 37 parques temáticos (entre eles, PortAventura), as Canárias oferecem 29 parques e Madrid possui 15 parques temáticos (onde se destacam o Parque Warner e o Parque de Atracciones de Madrid).

Mas não é só a vizinha Espanha que valoriza a importância turística dos parques temáticos. Outros países europeus também lhe conferem relevante protagonismo: na Alemanha existem 55 parques temáticos; no Reino Unido há 54 parques; na Holanda existem 44 parques; em França 41 parques (dos quais se destaca o Disneyland Paris, o Parc Astérix ou o Playmobil Funpark); na Bélgica há 36 parques temáticos e na Dinamarca existem 35 parques (entre eles, o mundialmente conhecido Legoland). E o certo é que, por exemplo, em Espanha a existência destes parques converteu-se nos últimos anos num indicador de referência para muitos turistas nacionais e estrangeiros.

Considerando que um dos eixos do Plano Estratégico Nacional do Turismo 2006-2015, apresentado este ano, é o de potenciar «Território, Destinos e Produtos», através da dinamização das valências do país, não só no litoral como nas grandes cidades, desenvolvendo novos pólos de atracção turística é preciso não esquecer o potencial (quase inexplorado) dos parques temáticos, pois também com eles – e as infra-estruturas, equipamentos, animação e serviços que os servem – o turismo constituirá um factor-chave para a afirmação da marca Portugal.

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