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08 de Maio de 2007 às 13:59

Os fundamentos da família

Mohammad Taghi Rahbar, membro da comissão cultural do Parlamento iraniano, em declarações transcritas pelo "Público", manifesta candidamente o pavor que lhe inspira ver cabelos femininos e mulheres com roupas menos largas e compridas em plena rua: "Um hom

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Então foi para isso – para manter a tesão dentro, e só dentro, de casa – que se fez a revolução islâmica no Irão? Então é por isso que algumas dessas "manequins" vêm sendo detidas pela polícia e libertadas só depois de assinarem um compromisso de mudança de comportamento? Então é esse o fundamento da família? E depois, quando nem o Viagra resolve, a família fica sem fundamento?

Não adianta pensar que tais ideias sobre o que é a família e de como ela se fundamenta sejam exclusividade de fundamentalistas islâmicos. Não foi aqui mesmo, em Bragança, que as senhoras se organizaram para expulsar as prostitutas que lhes atraiam os maridos? Lá, "manequins"; cá, prostitutas, mas a ideia é a mesma. Lá e cá o moralismo revela perversão – perversão dos homens, que, a julgar pelas preocupações das autoridades iranianas, casam-se para ter sexo com uma mulher gratuita que lhes dê filhos, mesmo que não lhes inspire ternuras capazes de vencer a tentação imposta por um cabelo à mostra na rua; perversão das mulheres, que se dispõem a conquistar a atenção dos maridos através da privação das atenções suscitadas por prostitutas.

E o pior é imaginar que, lá e cá, é mesmo nesses fundamentos que se apoia a família. Isso não diz mal da família – pelo contrário: uma instituição que se apoie em fundamentos tão torpes e que, mesmo assim, consegue resistir e, de vez em quando, ser ainda núcleo de carinho e de cuidados, só pode ser digna de louvor. Mas muito melhor seria se melhores fossem os seus fundamentos.

PS: Diz-me em email a administradora da Parques Tejo (empresa de parquímetros de Oeiras), Alexandra Tavares de Moura, que "é de elementar justiça referir que o Conselho de Administração da Parques Tejo, E. M. tem vindo, desde a sua tomada de posse, a envidar esforços no sentido de resolver problemas e encontrar soluções para questões variegadas que concernem aos Munícipes de Oeiras, em particular, e aos cidadãos, em geral, e que se prendem com questões tais, como a mobilidade, o estacionamento e a qualidade de vida para pessoas e bens". A fotografia ilustrata os resultados dos esforços envidados pela Parques Tejo. Um peão tenta esgueirar-se entre a parede e a carrinha da empresa municipal, enfiada em cima do passeio.

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