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Mário Negreiros 30 de Abril de 2008 às 13:59

Não compreendo

Não compreendo. E quando o digo, não estou a ser retórico – é que não compreendo mesmo o fenómeno Alberto João Jardim. Sempre soube que o Presidente Cavaco Silva fosse desprovido da simpatia natural dos seus antecessores Sampaio e Soares, mas sempre pense

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Nisso – no que não tem mesmo que ser tolerado –, estaria, no meu esquema mental, incluído Alberto João Jardim, que já se referiu a Cavaco de maneira claramente acintosa. De maneira que não compreendo.

Esperei que a visita presidencial à Madeira acabasse, sempre na expectativa de que “a seu tempo” o Presidente da República se pronunciasse e eu compreendesse. E, terminada está a visita, terminado está o tempo e... nada.

Há, sem nenhuma dúvida, uma força qualquer em Jardim. Força que parece exercer-se com um poder tão maior quanto maior for o poder que o possa enfrentar, o que, se confirmado, faria dele indestrutível.

Não sei quanto tempo resistirá o ‘off-shore’ da Madeira – pelo menos nos moldes em que existe hoje – nem sei qual é a importância do seu papel na economia portuguesa. Mas mesmo que me dissessem que sem a Madeira, Portugal é que afundaria, não me estariam a dizer que sem Jardim, Portugal afundaria. Não será, portanto, pela Madeira e pelo que ela possa representar para Portugal, que o poder de Portugal se curva a Jardim.

Os poderosos em geral gostam de exibir a fonte do seu poder. Jardim, não. A mim, pelo menos, nunca a mostrou. Sempre o vi a barafustar contra tudo e contra todos os que não sejam os dele, com um à-vontade temerário. Por muito tempo pensei que se tratava de um irresponsável, só um irresponsável, cujo sucesso eleitoral (e consequente poder) vinha precisamente da simpatia gerada pela capacidade de verbalizar as asneiras do senso comum (no caso, o senso comum madeirense).

Mas esse tipo de simpatia costuma durar pouco (poucas coisas serão mais voláteis do que o senso-comum) – por isso os populismos costumam acabar em ditaduras. E Jardim dura.

Há de ser outra, portanto, a fonte do seu poder. E quando penso em poder que não mostra a sua fonte, a única coisa em que consigo pensar é em chantagem. Mas, como não consigo imaginar que a Madeira viva sob os desígnios de um chantagista e Portugal sob uma presidência “chantageável”, não compreendo, simplesmente não compreendo.

PS: Em Oeiras, é cada vez mais “normal” ver vazios os lugares de estacionamento regular (porque sujeitos a cobrança pela empresa de parquímetros) e os passeios tomados por carros (porque de borla e autorizado). Às vezes, penso que só eu acho estranho.

PPS: Não compreendo.

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