Opinião
O sonho milionário do sr. Berardo
O futebol há muito que deixou de ser um desporto desprovido dos trapinhos da inocência. Tornou-se um negócio, onde marcar ou sofrer golos tem sobretudo a ver com vantagens futuras na compra e venda de jogadores, nas receitas de bilheteira, de publicidade
Os seus proprietários deixaram de ser adeptos ou mecenas para se tornarem empresários. Até foi política pura, como notou um árbitro dos anos 20, o sr. Merezcv, que anos antes tinha mos_trado um cartão vermelho ao sr. Beria. Começou a tremer como varas verdes quando descobriu que este último se tornara o chefe da polícia secreta do sr. Estaline. Mas isso hoje pouco importa. O que é mesmo importante na OPA do sr. Berardo sobre o Benfica? Pouca coisa, para além de, para além do seu amor clubístico, querer investir para ganhar mais com os seus euros. Desde há uns anos que os principais clubes portugueses só nominalmente são dos seus adeptos. Quer o FC Porto, quer o Sporting, quer o Benfica, são SAD. Ninguém está ali apenas por amor à camisola. O sr. Pinto da Costa não está na liderança da SAD portista apenas porque o seu coração não consegue bater fora do complexo do Dragão. O sr. Soares Franco gosta do Sporting, mas não está ali para perder dinheiro. E o sr. Luís Filipe Vieira não consta que seja benfiquista desde pequenino. O futebol é um negócio. E entre tantos milhões quem lá põe quer recuperar o investido com algum lucro. Basta olhar: os mais jovens craques das SAD são vendidos e, depois, com esse dinheiro chegam uma série de pretensos jogadores estratosféricos que, por certo, rendem dinheiro a empresários e outros interessados na venda e compra. Como se sabe as chamadas "aquisições a custo zero" são verdadeiros sonhos para iludir adeptos: lembrem-se as toneladas de craques que chegaram nas últimas temporadas aos três "grandes" portugueses e que torraram o dinheiro ganho com a venda com os jovens promissores desses clubes, para se ter a noção de quem ganha com o espectáculo. O sr. Berardo chegou para ganhar. Dinheiro e, talvez, um pouco de prestígio. Em que é diferente de tantos outros?
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