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14 de Setembro de 2011 às 11:39

O ovo da serpente

Não são os países que não cumprem o défice que deveriam colocar as bandeiras a meia haste.

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Não são os países que não cumprem o défice que deveriam colocar as bandeiras a meia haste. É a União Europeia que caminha velozmente para içar a bandeira branca. A falência da Grécia abrirá os diques que afogarão a União Europeia e o euro. E a Europa, especialmente a Alemanha, parece estar disposta a correr o risco da implosão do projecto com que outrora sonhou. A situação financeira grega está fora de controlo e a canga colonial que está a ser colocada sobre as suas costas impedirá que algum dia possa pagar as suas dívidas. Sem estímulos monetários, libertação de parte da dívida ou desvalorização, esta Grécia está perdida.

A política obscurantista da UE nesta crise começa a lembrar a época anterior ao Iluminismo. Estamos a criar a nova Idade Média da Europa, disfarçada de doce austeridade. Mas como alguns já lembraram estas situações de ruptura sempre resultaram na mesma coisa no passado: em revoluções armadas. O Império Romano ruiu porque deixou de conseguir impor a ordem militar para colher impostos na sua periferia, nascendo poderes tribais autónomos. A falência ou a saída da Grécia da zona euro terá o efeito de um terramoto: Portugal, Espanha e Itália tornarão impossível qualquer solução de reequilíbrio do tratado de confiança do qual nasceu a União Europeia. A Alemanha quer segurança mas essa não se ganha com a ruptura social do sul da Europa. E, quem sabe, da própria França. Nenhuma união monetária quebrou até hoje sem dela sair um governo autocrático ou uma guerra civil. A Europa aqueceu o ovo da serpente. Este está a rebentar.
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