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Fernando Braga de Matos 22 de Fevereiro de 2008 às 13:59

O jogo das acções

A minha mulher passa o tempo a protestar que “cá em casa já não se pode ouvir falar mais de Teoria de Jogos!”. Ora, como na segunda-feira fui proferir uma conferência sobre “Bolsa e Teoria de Jogos”, no ISEG, lá teve ela que gramar mais uma dose. E como

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Mas, seja como for,  há que pregar a boa Palavra, tanto mais que há alguma gente na zona académica e do investimento profissional que continua, apoplecticamente, a assegurar que o investimento em acções não é um jogo.

“Vade retrum”! Então essa gente nunca ouviu falar de von Neumann,  dos prémios Nobel da economia sobre Teoria de Jogos e mercados financeiros, em 1995 e 2004, e chegaram ao cúmulo de não ver o premiadíssimo “ A mente brilhante”, de Ron Howard,  sobre a vida de John Nash (esta última “gaffe” é imperdoável, tanto mais que no filme a estrela era a Jennifer Connaly,  mais sublime que nunca)?!

Trata-se de não conseguir ultrapassar a ideia que “jogo” é obrigatoriamente algo relacionado com  sorte e azar, quando von Neumann teorizou exactamente sobre comportamentos racionais, até imediatamente com o primeiro “puzzle” de que tratou, o famoso “dilema do prisioneiro”.

Investir em acções não é a vermelhinha, meus amigos, mas é definitivamente um jogo, que se pode definir e caracterizar assim:

- Actividade humana racional que envolve interacção estratégica, em ausência de conflitualidade mas com eventual competição; podendo, porém , ir a um alto grau de cooperação, principalmente em algumas variantes; que concede aos jogadores uma, no mínimo, razoável quantidade de informação, mas não a informação absoluta e total; com o objectivo de ganhar o máximo possível, mas dentro dos parâmetros de risco definidos por cada um dos intervenientes, pois não é rigorosamente igual para todos; sendo o resultado final gradativo, porquanto não existe a dialéctica vitória-derrota; dependendo o resultado da perícia do jogador; aberto a todas as pessoas às quais se procura conceder, sem conseguir, iguais oportunidades; assimétrico; e, finalmente, com a natureza de SOMA POSITIVA, que vai permitir que, com tempo adequado e diversificação, todos ganhem.

Se, por esta altura, ainda não adormeceu, poderá visualizar que, analisando e compreendendo o investimento em acções nesta perspectiva categorizante  –  que constitui, aliás, a estrutura do meu “ Ganhar em Bolsa” – obterá  orientações fundamentais para uma empreitada bem sucedida.

Havemos de nos encontrar mais vezes neste fascinante tema (se não acha fascinante, vá ler “A Bola”), mas, mesmo neste curto espaço disponível, poderá por a si próprio questões como esta:

– Sendo Warren Buffett o segundo (terceiro?) homem mais rico do mundo e o investidor mais bem sucedido de sempre, deverá um investidor individual, mesmo não sendo um “trader”, emular a sua estratégia de “Value Investing”, aliás extremamente divulgada, como sendo a adequada para si? E um fundo mútuo de acções? Hipotisando que todos investem na Euronext Lisbon, o jogo em que participam será o mesmo, ou haverá que salvaguardar variantes? E porquê?(1)

(1) Achei que terminar em interrogações sucessivas era absolutamente “cool”,  tipo dúvida existencial (também
a verdade é que não me consegui lembrar de mais nada).

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