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19 de Janeiro de 2006 às 13:59

O fim do papão

O Icep abriu uma delegação em Xangai e está a trabalhar na instalação de um centro logístico em Pequim, para apoiar as exportações portuguesas para a China.

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As empresas foram as primeiras a perceber a tendência, apesar da retórica do discurso anti-China das lideranças associativas. Começaram a aproximar-se para obter ganhos de competitividade, subcontratando parte da produção, ou seja, deslocalizando. Mas rapidamente perceberam as vantagens de estar presente num mercado em expansão.
Como de costume, foi preciso os privados mexerem-se para o Estado ir atrás. Mas mais vale tarde do que nunca.

E, finalmente, começou a falar-se da China não apenas como ameaça mas também como oportunidade. Não apenas como o gigante monolítico e invencível que vem exterminar os postos de trabalho portugueses. Nem o país do «dumping» social, da concorrência desleal ou dos atentados aos direitos humanos e às liberdades cívicas.

Os números são eloquentes. Em 2005, a China foi o destino onde se registou maior crescimento das exportações portuguesas: mais de 57% até Novembro para 150 milhões de euros. Mais do dobro do crescimento registado pelas importações (24%), que ainda assim ultrapassaram largamente as exportações.

No ano passado, a economia chinesa terá crescido 9,8%, acima das últimas previsões e dos 9,5% registados nos dois anos anteriores. E assim deve continuar nos próximos dois anos. Até Novembro, tinha gerado um excedente comercial recorde de 90 mil milhões de dólares, o triplo do registado no mesmo período do ano anterior.

No início do ano foi também revisto em alta o valor do Produto Interno Bruto em 2004, fixado agora em 1,9 triliões de dólares, um acréscimo explicado essencialmente pelo reforço do sector de serviços, que já representa 41% da economia, muito perto dos 46% da indústria transformadora, ambas a grande distância do sector primário (13%).

A explosão dos serviços é um indicador claro do desenvolvimento de um mercado de novos consumidores, ávidos de mais lojas de roupa, restaurantes e comércio automóvel. Mas também de serviços prestados às empresas, incluindo banca, consultores e especialistas de marketing.

O interesse crescente dos empresários pela China representa uma mudança no sentido certo. Em vez de perderem tempo a esbracejar contra uma tendência imparável, aproveitam para tirar proveito dela. Que é como quem diz para fazer negócio, pois é essa a sua vocação. E o país agradece.

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