Opinião
O decorador de interiores
Mais uma operação de marketing. Será? A verdade é que Sócrates voltou a apresentar medidas – desta vez 201 – no âmbito de um novo plano – denominado Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, em caixa alta para se construir a sigla.
Dá PNPOT e é um começo. O essencial para Sócrates mudar o país de alto a baixo, do mar à raia. O segredo está no embrulho: junta-se o saneamento que não existe ao verdejante dos campos, à limpidez dos rios, às espécies que devem ser acarinhadas. O resultado, num prazo de 20 anos, pode ser imaginado. Vamos viver – quem ainda viver – num país verde, povoado com equilíbrio social, ordenado pelo risco da arte. Um país onde os passarinhos cantam, as águas correm limpas e os prados florescem. Tudo isto sem gastar um tostão, já que no plano não há espaço para o financiamento – no caso as autarquias que serão obrigadas a encontrar novas formas de receita. É evidente que nada disto é para levar a sério. Sócrates deixará o país como o encontrou, desordenado, e a tempo de poder justificar o que não foi possível mudar. E dirá que, apesar de tudo, valeu a pena: a semente foi lançada para quem quiser colher. Pensando melhor, o segredo está no homem: temos um primeiro-ministro especialista em decoração de interiores.
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