Opinião
Mais um ano para quê?
Mas não terão aprendido nada com a lição deste ano de 2012, em que apesar de impostos e cortes de 10 000 milhões de Euros, o défice está em valor bem superior ao do Governo PS, há um ano atrás?
A propósito desta questão avivada pelo Presidente da República, em recente entrevista, fica uma breve nota que pretende desconstruir alguma mistificação que por aí vai, relativamente à proposta que era do PS, e que é hoje de boa parte dos atores sociais e económicos (e alguns dos mais notáveis economistas e políticos de direita) deste país.
Não se pede pelo menos mais um ano para adiar reformas estruturais (mas seria bom que essas reformas realmente resolvessem algum problema importante, por exemplo quanto ao funcionamento célere da Justiça, e disso nem sequer um vislumbre).
Reclama-se mais tempo, para que se altere conjunturalmente a intensidade da utilização dos instrumentos de política orçamental, sem que em algum momento se ponha em causa os objetivos de consolidação de longo prazo.
A política orçamental, que se traduz atualmente num garrote substancial à procura interna, é o principal fator de travagem do crescimento económico a partir de "dentro" do país, travando o investimento e o próprio consumo, em dose para lá do previsto no Memorando da Troika. Isto, num contexto em que a capacidade de crescer mais por via de mais procura externa, está agora muito limitada pela recessão profunda em Espanha e estagnação no resto da Europa.
Por isso, mais um ano significa tão só dar algum espaço aos investidores nacionais e estrangeiros para investirem em Portugal e encontrarem alguma procura para os seus produtos. Mais um ano significa menos recessão e menos desemprego.
Os desvios orçamentais e a incompetente decisão de corte dos subsídios da Função Pública e Pensionistas, agora revogada, obrigariam a um esforço orçamental de mais de 4000 milhões de Euros. A manutenção estrita das atuais metas orçamentais, ainda mais procurando compensar os ressuscitados cortes da TSU, acrescentaria mais uns 3000 milhões de cortes e recessão àqueles valores.
Mais um ano é, portanto, tudo isto, é obter as condições necessárias para que os que estão, como nós, tão preocupados com a economia e o desemprego, não vejam essa mesma economia e cidadãos a definhar às mãos dos obcecados com um objetivo afinal inatingível, neste contexto económico.
Mas não terão aprendido nada com a lição deste ano de 2012, em que apesar de impostos e cortes de 10 000 milhões de Euros, o défice está em valor bem superior ao do Governo PS, há um ano atrás?
Mais um ano, é a diferença entre o "custe o que custar", a obsessão destruidora, e um realismo que reclama que ao menos olhem para a realidade económica e social do país, e não afastem Portugal por muitos anos de qualquer possibilidade de crescimento e coesão social.
* Deputado do PS
Não se pede pelo menos mais um ano para adiar reformas estruturais (mas seria bom que essas reformas realmente resolvessem algum problema importante, por exemplo quanto ao funcionamento célere da Justiça, e disso nem sequer um vislumbre).
A política orçamental, que se traduz atualmente num garrote substancial à procura interna, é o principal fator de travagem do crescimento económico a partir de "dentro" do país, travando o investimento e o próprio consumo, em dose para lá do previsto no Memorando da Troika. Isto, num contexto em que a capacidade de crescer mais por via de mais procura externa, está agora muito limitada pela recessão profunda em Espanha e estagnação no resto da Europa.
Por isso, mais um ano significa tão só dar algum espaço aos investidores nacionais e estrangeiros para investirem em Portugal e encontrarem alguma procura para os seus produtos. Mais um ano significa menos recessão e menos desemprego.
Os desvios orçamentais e a incompetente decisão de corte dos subsídios da Função Pública e Pensionistas, agora revogada, obrigariam a um esforço orçamental de mais de 4000 milhões de Euros. A manutenção estrita das atuais metas orçamentais, ainda mais procurando compensar os ressuscitados cortes da TSU, acrescentaria mais uns 3000 milhões de cortes e recessão àqueles valores.
Mais um ano é, portanto, tudo isto, é obter as condições necessárias para que os que estão, como nós, tão preocupados com a economia e o desemprego, não vejam essa mesma economia e cidadãos a definhar às mãos dos obcecados com um objetivo afinal inatingível, neste contexto económico.
Mas não terão aprendido nada com a lição deste ano de 2012, em que apesar de impostos e cortes de 10 000 milhões de Euros, o défice está em valor bem superior ao do Governo PS, há um ano atrás?
Mais um ano, é a diferença entre o "custe o que custar", a obsessão destruidora, e um realismo que reclama que ao menos olhem para a realidade económica e social do país, e não afastem Portugal por muitos anos de qualquer possibilidade de crescimento e coesão social.
* Deputado do PS
Mais artigos de Opinião
Mais um ano para quê?
22.07.2012
A queda de um anjo
04.04.2012