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18 de Abril de 2008 às 13:59

Interactividade, jogos e matemática

Há dias, apontado pelo meu dilecto parceiro de “bridge”, decidi ler os comentários “on-line” às larachas que vou escrevendo neste lídimo jornal. Nunca o tinha feito, na presunção Assurbanipal, que a escolha viria entre elogios e elogios frenéticos, nada d

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Fiquei logo no que vi primeiro, dedicado a Teoria de Jogos e Bolsa.

Fora um abraço lisonjeiro de um amigo, coisa de valia afectiva, entre dois, achei muito interessante. Havia desde os elogios ao meu «Ganhar em Bolsa», revelando o bom gosto e inteligência superior de quem assim comentou, até ao nefelibata torpe, nitidamente pago pela oposição das outras editoras, que o achava “medíocre”, sem ao menos um superlativo adequado, como “uma merda ” ou “um nojo revoltante “ – porque 550 páginas, 90 livros de bibliografia, 20 anos de Bolsa de Nova Iorque em análise e cinco anos de trabalho merecem que se diga qualquer coisa igualmente massiva, “de escachar”. É o chamado princípio da proporcionalidade, que até possui estatura constitucional.

Mas quem me deixou surpreso (1) foi um cidadão que apontava a ausência de matemática na minha elaboração sobre Teoria de Jogos.

Será que certa gente da matemática não topa que fazer equações não passa de raciocinar? Para este numérico (e estimável) leitor , o pobre Aristóteles, então, não passava de um regateiro e Kant um nazi de capacete teutónico com pretensiosismo de elaborar intelectualmente.

Aqui o modesto FBM, ficou nos mistérios da raiz quadrada, mas nunca deixou de construir na mente equações, enquanto via, por outro lado, elocubrações e modelos matemáticos caírem no lixo do ridículo. Sabem o que dizia Buffett da Hipótese dos Mercados Perfeitamente Eficientes, de Fama, Alexander e outras sumidades, estruturada na análise de números aleatórios? – “Se fosse verdadeira, eu não passaria de um pedinte.”

Von Neumann , o homem dos Jogos, multiplicava, de cabeça, números com oito algarismos. Eu, no meu 5.º ano (actual 9.º), fiquei com um simpático (mas, na relação, miseravelmente insignificante) 16, a matemática, antes de entrar nas mirabolâncias da filosofia, da sociologia, do direito, da história e da psicologia – que me deram para perceber Jogos através de outra linguagem, mas o mesmo conceptualismo.

Quem pensou nos mercados como uma associação psicológica para homens livres que na aproximação mútua criavam uma sistema autoelaborado por uma mão invisível, o genial Adam Smith, não percebia nada de matemática – mas concebeu filosoficamente um jogo fantástico.

E já agora, o General Curtis le May, que jogou um derivado do “chicken” no cerco de Berlim, em 1948, durante três anos, as contas que tinha de fazer mandava os matemáticos fazê--las. Ele congeminava o tabuleiro total.

 Voltando atrás? Pensar é proibido? Já nem falo que o meu é o único livro de Bolsa que conheço, inclusive americano (gente que tem de tudo, até cientologia) que parte deste pressuposto analítico para o investimento em acções. Com a curiosidade de haver nas nossas faculdades quem recuse a natureza de jogo ao negócio nos mercados financeiros, sabendo matemática (ou eles dizem que sim).

O que me leva à réplica a um entrevistador que me apontava a alegada crítica implícita de certa academia: “Diga-me quais são as faculdades onde eles estão, para eu ter a certeza que não mando para lá o meu filho mais novo.” (2)

Aliás, o que é preciso não é saber pensar, em linguagem matemática ou outra? (3)

P.S. – Muito obrigado aos que se deram ao trabalho, não só de ler, mas de comentar a PRAVDA, apreciando ou criticando.

P.P.S. – Nem de propósito, já depois de escrita esta, o leitor Dis Aliter Visum fez uma larga anotação à minha crónica “Segurança nas Escolas”. Remeto os meus leitores para o que no fundo é um magnífico artigo sobre os problemas do ensino, por alguém que possui manifesto conhecimento de causa.

(1) Neologismo; não escrevi “surpreso”.
(2) Realmente deixar em claro (ou desconhecer) que os Nobel da Economia de 1994 e 2005 contemplaram a temática dos Jogos e mercados financeiros é de topete!
(3) Tranquilizando os “jogadores”: o mais bem sucedido gestor da Fundos de sempre, Peter Lynch, afirmava que a matemática necessária para investir em acções é a que se aprende na instrução primária.

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