Opinião
Incongruências
Os trabalhadores da VW na Alemanha trabalham 28,8 horas por semana; 5,7 horas por dia. E têm os salários mais elevados de todo o grupo. A combinação destes factores, diz a administração, afecta a competitividade da empresa.
Por isso, quer aumentar o horário para 35 horas semanais. Sem aumento de salário. Como os sindicatos não gostaram, a administração lá foi dizendo que, sem acordo, 20 mil trabalhadores (de 178 mil na Alemanha) podem ter de procurar outro emprego.
Cá pelo burgo, Francisco Louçã, capitaneando uma marcha contra o desemprego, reivindicou a redução do horário trabalho para as 36 horas. Uma das pessoas que apareceu ao seu lado foi António Chora, da comissão de trabalhadores da Autoeuropa. Curiosamente, Chora foi um dos artífices de um acordo, em 2003, que salvou centenas de empregos na Autoeuropa em troca de algumas cedências dos trabalhadores (que lhe custaria grandes críticas na CGTP-IN, a que pertence).
Não sei se Chora quer emular José Luís Judas, quando este alternava, nos idos de 90, postura de sindicalista com outra de político «clean»: nas marchas punha ar operário (roupa simples, barba de três dias...); nas sessões de chá em Cascais aparecia compostinho. Espero que não, pelo futuro da fábrica de Palmela.
P.S.: Sobre a teoria, não original, de Louçã, voltaremos ao assunto.