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11 de Janeiro de 2006 às 13:59

Euro 2004 em pleno deserto

Os avisos tinham sido já alguns, mas nada como o que aconteceu no decorrer da 10ª etapa, que ligou Nouakchott, capital da Mauritânia, a Kiffa, no extremo sul daquele país, perto da fronteira com o Mali. Esta especial ficou marcada pela decisão da organiza

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Mas para os automóveis, não houve descanso e depois do que acontecera na sétima etapa, a tal dos atascansos, duplos ‘embates’ no jipe dos médicos e encontros imediatos com outros concorrentes portugueses ainda em prova, esta foi muito difícil. Afinal, sempre foram 15 horas ao volante! Imagine?

Considerada por todos como a mais difícil, foram 874 quilómetros, dos quais 599 contra o cronómetro. Cheguei de madrugada, pelas 4h00, mas cheguei e isso é o mais importante, mesmo se o tempo de descanso se esgotou e foi preciso preparar de imediato a etapa seguinte. O início foi algo penoso, já que a organização entendeu que na etapa que chegou a Nouakchott, antes do dia de descanso, eu tinha falhado os «way points» que temos de cumprir através do GPS embora eu ache que o erro deve ter estado no código que eventualmente tenha sido mal introduzido. O certo é que para além de seis horas de penalização esse tempo foi colocado nessa etapa e parti praticamente no final da caravana.

Por isso a primeira parte da etapa foi penosa. Depois, quando a noite chegou, foi mais uma etapa à Dakar! Gente por todo o lado, ‘atascansos’ monumentais e eu, sozinho, não tive melhor sorte. Em dois deles estive quase duas horas para tirar o carro. Mas vi gente muito pior. Uma das situações mais estúpidas aconteceu com um piloto espanhol que, a pé, se atravessou à minha frente, numa espécie de desforra pela derrota no Euro 2004! Optei por travar a fundo para não fazer o 2-0 e, como resultado, lá fui mais uma vez para o trabalho de pá e pranchas? Lá mais para o final da etapa vim junto dos pilotos portugueses dos Land Rover que me ajudaram algumas vezes a sair de alguns momentos mais delicados.

Mas continuo em prova, sou o único piloto a solo e estou cada vez mais perto de Dakar. Hoje, quando o leitor do Jornal de Negócios tiver esta edição entre mãos, já terei feito a transição entre a Mauritânia e o Mali, numa mudança radical de cenário, deixando os tufos de ‘herbe à chameaux’ e dunas de areia mole para trás e chegando às aldeias típicas e percursos algo parecidos com os que temos em Portugal, nomeadamente o que tivemos pela frente nas duas etapas nacionais do Dakar.

Ainda assim, são 705 quilómetros no total, dos quais 231 quilómetros são cronometrados e, depois, ainda teremos 424 para chegar ao acampamento. Mas Dakar aproxima-se?

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