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Opinião
13 de Janeiro de 2006 às 13:59

A olhar para o relógio...

Para ontem, tínhamos reservada mais uma travessia de fronteira. Deixamos o Mali para trás e rumamos à Guiné, indo de Bamako a Labe. Uma especial com 368 quilómetros cronometrados e com mais de 500 quilómetros de ligações, ou seja, cansativa como as mais d

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Muita vegetação, densa, e passagens de água, num cenário bem diferente do da Mauritânia. E à chegada, o ‘castigo’ de não termos assistência, uma vez que se trata de uma etapa-maratona, ou seja, os pilotos chegam ao acampamento e fazem eles próprios a mecânica, pois assistência só na noite seguinte.

Quando o leitor do Jornal de Negócios tiver esta edição nas mãos, faltarão, mais coisa menos coisa, dois dias para que termine o Euromilhões Lisboa-Dakar 2006. Ou seja, estarei a pouco mais de 48 horas de cumprir o meu objectivo e conseguir juntar ao título mundial de Quads, conquistado em 2005, o facto de ser o único piloto a solo a terminar este ano e apenas o sétimo na última década! É verdade que ainda tenho 1300 quilómetros a percorrer, dos quais 633 quilómetros são cronometrados, mas o carro não me tem dado problemas, a navegação já não me dá tanto trabalho e, com uma toada viva, mas sempre cautelosa, tenho conseguido terminar entre os 50 primeiros.

Mas é igualmente verdade que já tenho uma diferença de quase 48 horas para o primeiro, neste caso, o Luc Alphand! Quer isto dizer que até chegar a Dakar é provável que termine esta minha participação com dois dias de diferença para o primeiro. Não há milagres. Entre uma equipa oficial com meios milionários e objectivos por todos conhecidos e um piloto a solo, numa estrutura privada, a balança só pode pender para um dos lados. Mas estou aqui pelo meu gosto pela aventura e isso não tem preço? Este é o verdadeiro espírito do Dakar.

Para hoje, novo carimbo no passaporte, já que arrancamos do Mali e chegamos ao Senegal, mais precisamente a Tambacounda. Até lá, 567 quilómetros, dos quais 348 são contra o cronómetro, por entre pistas estreitas, propícias a muito pó que dificulta as ultrapassagens, e elevadas, pois teremos zonas a mil metros de altitude.

Uma última palavra para a alteração na liderança. Há três dias, Stéphane Peterhansel era um líder confortável e Luc Alphand um colega de equipa resignado. Na quarta-feira, Peterhansel viu reduzida para metade a sua vantagem e ontem disse adeus à vitória, atrasando-se irremediavelmente após embater numa árvore. O Dakar é isto mesmo, a gestão da pressão e a incerteza do dia seguinte?

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