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18 de Novembro de 2013 às 09:30

Commodities em alta

O sector dos recursos naturais protagonizou um aumento significativo no terceiro trimestre, período em que as empresas cujos lucros dependem dos preços das commodities apresentaram um bom desempenho.

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O sector dos recursos naturais protagonizou um aumento significativo no terceiro trimestre, período em que as empresas cujos lucros dependem dos preços das commodities apresentaram um bom desempenho. Por entre sinais de ampla retoma económica na generalidade dos países desenvolvidos, os sectores cíclicos superaram os sectores defensivos, e as matérias-primas apresentaram um dos melhores desempenhos do trimestre. Estamos em crer que os preços de muitas commodities, tendo atingido níveis mínimos, terão necessariamente de começar a subir.


No que toca aos pilares fundamentais da economia, começam a vislumbrar-se os primeiros sinais de melhoria, nomeadamente no sector mineiro, cujos principais indicadores estão a começar a inverter a tendência negativa, enquanto as avaliações se mantêm perto dos níveis mínimos dos últimos anos. A recuperação dos preços das commodities deverá acarretar o fim do ciclo de dois anos de queda de lucros que tem afectado os produtores de commodities. Os investidores poderão então concentrar-se nas medidas positivas de reestruturação e redução de custos que estão em curso no sector, bem como nas medidas de apoio do lado da oferta que irão seguir-se.


Os investidores estão particularmente atentos ao impacto que o crescimento económico da China exerce sobre o consumo de commodities. Embora a produção anualizada de aço na China tenha aumentado pouco mais de 10 %, o que é positivo para os preços do minério de ferro, os distribuidores estão a reduzir stocks, sobretudo devido ao aumento da oferta por parte da Austrália. Estamos em crer que este facto poderá levar, no curto prazo, a uma redução do preço do minério de ferro. Enquanto isso, os preços dos metais de base irão beneficiar com o aumento da procura por parte das economias desenvolvidas, que representa cerca de 60 % da procura de metais a nível mundial. Recentemente verificou-se uma retoma no mercado imobiliário chinês, e as autoridades estão a avançar com medidas de incentivo à construção de fogos de baixo custo, o que irá intensificar o consumo de commodities e, por conseguinte, fomentar a procura de metais.


Tirando o minério de ferro, a maior parte das commodities ainda apresenta preços próximos dos valores mínimos, o que tem efeitos devastadores a nível da oferta: as minas de zinco e as de níquel, bem como as fundições de alumínio, estão a fechar portas, pois os produtores não conseguem fazer face aos custos. A indústria do carvão, particularmente, sofreu um rude golpe. No entanto, a redução da oferta a nível industrial traz benefícios aos restantes produtores, ao exercer uma pressão ascendente nos preços.


A indústria mineira está determinada em controlar os custos, que sofreram um aumento exponencial nos últimos anos, bem como em reduzir as despesas de capital, o que contribuirá para melhorar a solidez financeira das respectivas empresas. As acções das empresas de pequena capitalização que operam neste sector apresentam avaliações particularmente atraentes. Estamos em crer que, neste mesmo sector, é frequente as empresas de pequena e média capitalização encontrarem-se em melhor posição para aumentar a produção em termos materiais e substituir as reservas que se vão escoando. Além disso, estas empresas tendem a tirar o máximo proveito de qualquer subida dos preços do ouro.


O preço do ouro não depende apenas da oferta da indústria mineira, sendo igualmente influenciado por fontes de abastecimento que não provêm do subsolo, o que explica a diferença em termos de sustentação dos custos marginais. No início do ano, o preço do ouro sofreu a maior queda nos últimos trinta anos, o que levou a uma liquidação de cerca de 20 % dos activos dos fundos negociados em bolsa que replicam o desempenho deste metal (gold ETF), colocando pressão sobre os preços. No entanto, o preço do ouro tem sido sustentado pelos compradores asiáticos individuais. No mês passado, os investidores interromperam a venda de ouro a descoberto, e a Reserva Federal dos Estados Unidos adiou a redução gradual da compra de activos, o que, em ambos os casos, deveria beneficiar o preço daquele metal. Prevemos que o preço do ouro se mantenha estável até ao final do ano. No entanto, estamos em crer que os produtores de ouro poderão sentir alguma pressão nos lucros quando a Reserva Federal começar finalmente a reduzir o seu programa de compra de obrigações.


Nos Estados Unidos, ao que parece, a indústria de extracção do gás de xisto vai de vento em popa: as empresas do sector aumentaram a velocidade de perfuração, reduziram os custos e diminuíram o espaçamento médio entre as perfurações, para incrementar as taxas de recuperação. A nosso ver, a formação de xisto Eagle Ford é a bacia mais promissora. O desenvolvimento de processos de extracção de gás de xisto que possam rivalizar com os dos Estados Unidos ainda está a dar os primeiros passos noutros países.


O panorama do sector apresenta muitos pontos positivos. Estamos a assistir a uma confluência de factores favoráveis, como a melhoria da situação macroeconómica nos países desenvolvidos, a diluição das despesas de capital ao longo dos próximos anos, a redução de custos, devido ao decréscimo dos custos laborais e com equipamentos por parte dos produtores, e a retoma do crescimento das receitas. Tudo isto num sector caracterizado por fraca participação accionista dos investidores e bom nível de avaliações. Daí o nosso optimismo em relação à evolução do sector, o qual, segundo cremos, merecerá atenção redobrada da parte dos investidores logo após o período de retoma a que estamos a assistir.

 

 

Head of Sales da JPMorganAM para a Península Ibérica

 

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