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Cidadãos são a peça chave para o sucesso da implementação das smart cities

Ao longo dos séculos temos assistido a inúmeros desenvolvimentos e inovações que impactam diretamente a forma como nos desenvolvemos enquanto sociedade e indivíduos.

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A forma como vivemos, trabalhamos, interagimos, consumimos (e em particular, após a realidade da pandemia da COVID-19) está a mudar drasticamente, alavancada pela era digital, pelas ferramentas tecnológicas, pelas plataformas e pelos canais online. Mas, maior poder computacional e mais disponibilidade de ferramentas digitais, como por exemplo a Inteligência artificial, o blockchain ou as ferramentas sensoriais, não são os únicos impulsionadores da transformação das cidades que se impõe nos nossos dias. 

 

Segundo o novo estudo Street Smart: Putting the citizen at the center of smart city initiatives, levado a cabo pelo Capgemini Research Institute, atualmente 55% da população mundial vive em grandes cidades. No entanto, 33% dos inquiridos está a considerar a possibilidade de abandonar a sua atual zona de residência, pelo facto desta não lhe oferecer a qualidade de serviços e o estilo de vida esperados.

  

O estudo revela que os cidadãos estão preocupados com o nível da qualidade dos serviços de saúde, com a perda dos laços comunitários, com a ausência de soluções sustentáveis e o aumento do custo de vida. Na verdade, 58% dos cidadãos inquiridos afirmou que gostaria de viver numa smart city, porque acredita que estas podem oferecer-lhes mais sustentabilidade, melhores serviços urbanos (57%; nomeadamente uma melhor gestão dos resíduos, dos recursos hídricos e da eletricidade), mais qualidade de vida (54%), e contribuir para aumentar a sua eficiência no trabalho (53%). 

 

73% dos cidadãos que experienciaram alguma iniciativa ligada às smart cities, afirma estar mais satisfeito com a sua qualidade de vida em termos de saúde, como por exemplo, com a qualidade do ar. Entre as principais causas que levam os cidadãos a equacionarem abandonar as grandes cidades onde vivem atualmente estão os níveis de poluição (42%) e a falta de segurança(40%). 

 

O estudo enumera ainda uma lista de exemplos positivos de iniciativas smart city em todo o mundo, e entre os quais figuram dois exemplos nacionais: os sistemas de monitorização de cheias da cidade de Coimbra, desenvolvidos com base em tecnologias de inteligência artificial, que já monitorizaram 60 tempestades, reduzindo em 37% o fluxo a jusante. O outro projeto nacional identificado, é o Energia Sobre Rodas - V2G Açores, que pretende que os automóveis elétricos forneçam energia à rede.

  

O sucesso dos projetos das smart cities não depende em exclusivo da tecnologia e da transformação digital, que por si só pouco farão. As cidades são sobretudo as pessoas que as habitam e os seus anseios/expectativas, e por isso mesmo o sucesso de qualquer projeto nesta área, passa por uma estratégia colaborativa que envolva os cidadãos e toda a comunidade (as chamadas forças vivas) e que permita criar a melhor visão colaborativa possível para os projetos a implementar. Dar resposta às necessidades materiais e emocionais dos cidadãos, permitindo-lhes fazer parte da mudança e dos desenvolvimentos das suas cidades, dá-lhes um sentido de pertença que é cada vez mais relevante no contexto de uma realidade progressivamente mais interligada e em constante evolução.


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