Opinião
António Gomes Mota: E se falássemos de conectividade?
Vivemos dias em que o tacticismo impera tanto no Governo como nos seus parceiros à esquerda, cujo resultado se traduz na proliferação de medidas avulsas, entre promessas e revindicações, pouco importando o efeito mais a prazo.
Do que se trata agora é de manter a maioria que sustenta o Governo, o que obriga a dar resposta a toda a sorte de promessas e revindicações. Não é um processo que que possa durar muito tempo, mas que serve bem o presente, mesmo que causando sérios danos a um futuro que inevitavelmente chegará.
Podemo-nos, por exemplo, questionar se a abolição dos feriados num passado recente foi uma medida economicamente bem gizada, mas decerto que a sua reposição apenas consagra a bandeira da reposição de direitos transmitindo, para dentro e para fora, sinais errados do que importa acautelar para que a economia progrida.
Com a descida prevista para breve do IVA da restauração, apenas pode servir o cumprimento de uma promessa, se é da economia que se quer cuidar, que se pegue no que se perderá em receita e se invista antes, por exemplo, na reabilitação urbana. Haveria na mesma o efeito de geração de emprego junto dos mais desqualificados e com vantagens maiores na economia e nas empresas.
Num ápice deixou-se de falar de empresas e de competitividade, apesar dos esforços estimáveis, do Ministro da Economia, que porventura poucos querem ouvir ou sequer se interessem quanto ao que está em jogo.
Sabemos todos que o genuíno progresso da economia se faz com empresas a crescer na cadeia de valor e na sua própria dimensão, com capacidade para se diferenciarem e vingarem, sobretudo nos mercados externos porque o doméstico, com algumas exceções, pouco mais servirá do que para sustentar ordenados de 500 euros, por muito que tal custe a muita gente.
Uma agenda para a competitividade faz-se de forma integrada, criando medidas e dando sinais que valorizam a produtividade, a flexibilidade, a agilidade e a competição.
Uma agenda para a competitividade faz-se valorizando as grandes empresas, onde há massa crítica para desenvolver e reter talento, que podem disseminar as melhores práticas e serem o porta-aviões de muitas PME.
Uma agenda para a competitividade tem de ter um foco central na captação do investimento externo e, neste campeonato, brutalmente competitivo, pouco contam as nossas artes de vendedores, quem olha de fora limita-se a medir apoios e a interpretar os sinais do que vê e do que ouve.
Uma agenda para a competitividade é perceber que cada um porcento que as taxas de juro, por via do risco Portugal, aumentem, incrementando o custo da dívida (e dos capitais próprios tão esquecidos), instantaneamente tornam inviáveis inúmeros projetos de investimento e reduzem a capacidade competitiva de atuar no exterior face aos concorrentes dos países desenvolvidos.
Há um tempo para a política, e este Governo recuperou-o, trazendo-a para primeiro plano, mérito seu e que concretiza, independente das nossas preferência, o que deve ser esse o centro da vida democrática. Mas há também um tempo para a economia e para as empresas, pois sem esse tempo e sem essa vontade as nossas empresas sobrevivem, como sobrevirão sempre, mas nenhuma sorte do mundo fará crescer a economia para os patamares que todos ambicionamos.
Professor Catedrático, ISCTE Business School
Podemo-nos, por exemplo, questionar se a abolição dos feriados num passado recente foi uma medida economicamente bem gizada, mas decerto que a sua reposição apenas consagra a bandeira da reposição de direitos transmitindo, para dentro e para fora, sinais errados do que importa acautelar para que a economia progrida.
Num ápice deixou-se de falar de empresas e de competitividade, apesar dos esforços estimáveis, do Ministro da Economia, que porventura poucos querem ouvir ou sequer se interessem quanto ao que está em jogo.
Sabemos todos que o genuíno progresso da economia se faz com empresas a crescer na cadeia de valor e na sua própria dimensão, com capacidade para se diferenciarem e vingarem, sobretudo nos mercados externos porque o doméstico, com algumas exceções, pouco mais servirá do que para sustentar ordenados de 500 euros, por muito que tal custe a muita gente.
Uma agenda para a competitividade faz-se de forma integrada, criando medidas e dando sinais que valorizam a produtividade, a flexibilidade, a agilidade e a competição.
Uma agenda para a competitividade faz-se valorizando as grandes empresas, onde há massa crítica para desenvolver e reter talento, que podem disseminar as melhores práticas e serem o porta-aviões de muitas PME.
Uma agenda para a competitividade tem de ter um foco central na captação do investimento externo e, neste campeonato, brutalmente competitivo, pouco contam as nossas artes de vendedores, quem olha de fora limita-se a medir apoios e a interpretar os sinais do que vê e do que ouve.
Uma agenda para a competitividade é perceber que cada um porcento que as taxas de juro, por via do risco Portugal, aumentem, incrementando o custo da dívida (e dos capitais próprios tão esquecidos), instantaneamente tornam inviáveis inúmeros projetos de investimento e reduzem a capacidade competitiva de atuar no exterior face aos concorrentes dos países desenvolvidos.
Há um tempo para a política, e este Governo recuperou-o, trazendo-a para primeiro plano, mérito seu e que concretiza, independente das nossas preferência, o que deve ser esse o centro da vida democrática. Mas há também um tempo para a economia e para as empresas, pois sem esse tempo e sem essa vontade as nossas empresas sobrevivem, como sobrevirão sempre, mas nenhuma sorte do mundo fará crescer a economia para os patamares que todos ambicionamos.
Professor Catedrático, ISCTE Business School
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