Opinião
Alguém está interessado no futebol?
As vitórias esmagadoras de FC Porto e Benfica na Liga Europa não escondem a triste sensação que o futebol nacional se tornou um "saloon" frequentado por pistoleiros que, em vez de balas, usam bolas de golfe e isqueiros.
Tudo serve para jogar, menos uma bola de futebol. O futebol sempre foi uma comunhão de paixão. Está a tornar-se, em Portugal, um exercício de raiva. Aqueles que hoje são os dois mais representativos clubes portugueses, dentro e fora de portas, têm culpas redobradas sobre o que se está a passar. Os seus dirigentes, em vez de tentarem elevar o futebol a um espectáculo desportivo (e empresarial, já agora), tornaram-no num despique de facções. Onde ninguém está a ver as belas jogadas do sr. Falcão ou do sr. Sálvio, mas antes a pensar como pode agredir os adeptos das outras equipas.
Aquilo que se passou no estádio da Luz, com a equipa do FC Porto a recusar-se a entrar em campo com miúdos vestidos à Benfica, e com alguém do clube anfitrião a mandar apagar as luzes e a ligar a rega quando os dragões comemoravam o campeonato, é revelador do estado desprestigiante a que chegou o futebol indígena. Começa a ser preciso um FMI ético e moral que surja com uma carta de boas acções que deveria ser assinada pelos dirigentes do FC Porto e do Benfica. Só para ver se pára a destruição do futebol português que os dirigentes dos dois clubes estão a promover em nome da rivalidade. Nesta guerra sem sentido não há heróis nem inocentes. Só há vilãos. Custa entender que uma guerrilha que vem de longe continua a evoluir rumo ao desastre final.
O futebol português não deveria ser o território dos irmãos Dalton. Nem deveria ser necessário um Lucky Luke para evitar que se destrua, sem que as entidades governamentais, a Liga ou a FPF abram a boca, um desporto espectacular. Quem é que os dirigentes do FC Porto e do Benfica querem nos estádios? Pais e filhos ou pretensos adeptos que não estão ali para ver os jogos mas sim para provocar desacatos? Nunca resolvemos com coragem, como se fez na Inglaterra, o problema das claques organizadas que não vão aos estádios para ver o futebol. E nunca inquirimos os dirigentes que se comportam como agitadores das fúrias humanas mais escondidas. O resultado, catastrófico, está à vista. Já não há rivalidade entre FC Porto e Benfica.
Há já um ódio mal disfarçado entre grupos que vestem as camisolas de cada clube. O problema é que estes actos, até agora isolados, estão a incendiar a pradaria. Um dia destes, em vez de estarmos a discutir as fintas do sr. Hulk e do sr. Aimar, estamos só a contabilizar o número de bolas de golfe que uns atiram aos outros.
Aquilo que se passou no estádio da Luz, com a equipa do FC Porto a recusar-se a entrar em campo com miúdos vestidos à Benfica, e com alguém do clube anfitrião a mandar apagar as luzes e a ligar a rega quando os dragões comemoravam o campeonato, é revelador do estado desprestigiante a que chegou o futebol indígena. Começa a ser preciso um FMI ético e moral que surja com uma carta de boas acções que deveria ser assinada pelos dirigentes do FC Porto e do Benfica. Só para ver se pára a destruição do futebol português que os dirigentes dos dois clubes estão a promover em nome da rivalidade. Nesta guerra sem sentido não há heróis nem inocentes. Só há vilãos. Custa entender que uma guerrilha que vem de longe continua a evoluir rumo ao desastre final.
Há já um ódio mal disfarçado entre grupos que vestem as camisolas de cada clube. O problema é que estes actos, até agora isolados, estão a incendiar a pradaria. Um dia destes, em vez de estarmos a discutir as fintas do sr. Hulk e do sr. Aimar, estamos só a contabilizar o número de bolas de golfe que uns atiram aos outros.
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