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11 de Outubro de 2004 às 13:59

Ai se ele cai?

?É o refrão de uma das músicas dos Xutos & Pontapés, retirada do mais recente álbum «O Mundo Ao Contrário». É também uma expressão bem apropriada para caracterizar a perspectiva actual do mercado accionista em Portugal.

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Depois de, em Agosto, ter recomendado uma «história específica» como a Sonae e de, em Setembro, ter escolhido acções de empresas de media como a Media Capital e a Impresa, em Outubro aconselho um pouco de cuidado, depois da recuperação visível do PSI-20 e da «outperformance» significativa destas empresas.

O PSI-20 vem de abaixo dos 7000 pontos para acima dos 7.400, a Sonae dos 0,83 euros para os 0,92 euros, a Media Capital está agora nos 4,90 euros e a Impresa a 4,50 euros. O mercado accionista continua com avaliações atractivas, mas não tanto como antes.

Mas o que não mudou, depois desta subida, foi o preço do petróleo. Saíram também números piores do ponto de vista económico – criação de emprego. E uma subida sustentada do petróleo, inevitavelmente, trará menor crescimento económico e claro, inflação.

É, talvez, cedo para saber se os estragos vão ser duradouros – a economia mundial ainda pode crescer 4% este ano, apesar da subida de mais de 70% do preço do crude, mas as perspectivas para 2005 podem vir a revelar-se bastante optimistas. Por outro lado, havendo menos crescimento, haverá menores resultados das empresas e uma maior aversão ao risco. Aí, claro, o mercado accionista cairia.

Por isso, é provavelmente apropriado olhar agora para títulos mais defensivos e líquidos.

Sugiro dois: EDP e Brisa. A EDP tem a vantagem de estar, nesta altura, a realizar um aumento de capital para adquirir a quase totalidade do capital da Hidrocantábrico, uma congénere espanhola onde já tinha uma participação significativa.

Está, portanto, a comprar mais de um activo que já conhece bem, dentro do seu ramo de negócio, numa geografia similar à existente (Zona Euro). E, como reconheceu na sua recente AGM, vai pedir aos seus accionistas capital para única e exclusivamente adquirir este activo.

Parece-me uma aplicação inteligente do seu «cash flow» e do capital que está a ser pedido. A EDP, comparada com o sector de «utilities» na Europa, e em particular em Espanha, parece também atractiva do ponto de vista de avaliação e perspectivas de crescimento – com uma vantagem do ponto de vista do accionista: pode passar para o consumidor final as subidas dos seus custos energéticos.

A Brisa revela-se, também, uma alternativa muito interessante e segura. Com os «yields» de longo prazo em baixa (aversão ao risco sobe, investimentos sem risco tornam-se mais apetecíveis e sobem de preço relativo) a Brisa torna a sua geração de caixa apetecível para quem gosta de «cash flow» estável e recorrente.

E lembrem-se que o contrato de concessão permite passar automaticamente 90% da inflação do ano anterior para as portagens do ano seguinte, por isso a Brisa é como uma obrigação de longo prazo protegida de inflação.

Além disso, na vizinha Espanha, a construtora Ferrovial está em vias de fazer uma oferta pública inicial da Cintra, um comparável da Brisa e da já existente Abertis. E a julgar pelo intervalo de preços (avaliações) anunciado para a Cintra, a avaliação da Brisa está bastante atractiva.

Estes dois títulos são líquidos e bastante defensivos. Talvez não colocaria todo o meu investimento neles, mas reduziria a minha exposição a títulos com um beta mais alto. Não vá o mercado cair...

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