Opinião
Acorrentados
A classe política portuguesa está acorrentada a um patinho numa banheira atlântica.
Tudo por causa de um barco que baloiça para lá das 12 milhas da costa e que está à espera de mantimentos de Francisco Louçã e de Jamila Madeira e de ansiolíticos de Paulo Portas. Este, destemido, mandou avançar as corvetas e os draga-minas.
O PSD, que estava a banhos a preparar o fim da coligação, apanhou um escaldão. E, aí, teve de se acorrentar às corvetas que Portas accionou a partir do Quartel-General do PP. O presidente Sampaio, que estava distraído como é habitual, acorrentou-se ao PSD. Todos vão juntos, de grilhetas, aumentar o ruído, gritando uns com os outros. A questão do «barco do aborto» parece um concerto de «heavy-metal» dos AC/DC: nem os próprios músicos escutam o que estão a tocar.
O PP tomou conta das águas territoriais portuguesas. E o PSD tornou-se o seu nadador-salvador, apesar de não ter vontade para salvar o intrépido nadador Portas. Mas tem de o fazer. Portas comprou um pirolito para o Governo. Santana teve de o beber a pensar que era um refrigerante. E é este o país «light» que temos.