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30 de Março de 2007 às 13:59

A não evidência do Aeroporto na Ota

Os bons objectivos, correctamente formulados, tornam-se evidentes. Ganham visibilidade, mobilizam as pessoas e constituem-se em factores estruturantes da confiança no futuro. Este não é, obviamente, o caso da Ota como localização do Novo Aeroporto de Lisb

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Em primeiro lugar, devem considerar-se pouco credíveis as opiniões que entendiam que não era preciso um novo aeroporto para substituir o da Portela e, agora, estão contra a Ota. Como se devem considerar irrelevantes as opiniões do tipo da dos deputados de Leiria, com o argumento da proximidade de casa? Ou, ainda, aquelas que se limitam a indagar sobre os interesses obscuros, incapazes de nada esclarecer sobre a obscuridade?

Em segundo lugar, se a Ota é uma questão fechada, deve dar-se como certo que, na comparação com a última alternativa a ser abandonada, Rio Frio, houve uma avaliação, ponderada, dos factores base da opção.

Ora, a avaliar pelos estudos disponibilizados na Internet, houve um modelo de ponderação da importância dos vários factores de decisão que privilegiava os factores ambientas, com prejuízo da alternativa de Rio Frio. Assim, no modelo construído para a avaliação das alternativas, constante de um estudo elaborado por uma entidade especialista, o ambiente pesava 25% e os outros factores todos – acessibilidades, navegabilidade e outras aeroportualidades, possibilidade de ampliação, distâncias dos pólos de maior utilização, características de solos e exequibilidade, e factores de custo – os outros 75%. Acho que o peso dado à ecologia foi desmesurado, até porque não consta que a construção de um aeroporto tenha constituído jamais, em alguma parte, uma calamidade ambiental. Mas, também, não será esta a primeira vez que em Portugal se paga um preço absurdo pela indiscutível necessidade de salvaguardar o ambiente. Só que tudo tem um preço. Como o CO2. E os fundamentalismos são todos maus.

A serem verdadeiras as informações pelas quais a Ota custa mais quinhentos milhões de euros do que Rio Frio e esta hipótese implica o abate de sessenta mil sobreiros, se não considerarmos os eventuais componentes eliminadores da hipótese nem os demais a corrigir, temos a atribuição de mais de oito mil euros por cada chaparro!

Agora, das duas uma: ou vamos para a Ota e vamos pagar caro pelo ambiente, como já estamos a pagar noutras situações (em Foz Côa, atraso da Barragem de Odelouca e nas que não vamos conseguir fazer por obstrução ambientalista); ou vamos avaliar rapidamente o custo para o país de estrangular (durante quatro anos, diz um Secretário de Estado ou seis meses, dizem uns professores do I.S.T.) o aeroporto da Portela, perdendo uns 5 a 8 milhões de entradas no país por ano e compará-lo com o que a Ota custar a mais do que a outra alternativa a optar – Rio Frio ou outra.

Todavia, qualquer esforço de racionalização deste problema só tem sentido se a opção da Ota se tiver fundamentado em estudos seguros sobre a sua capacidade de ampliação. Caso contrário, é do analista de sistemas se atirar para o chão, a rasgar o fato e a morder os pulsos, tomado de furiosa loucura.

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