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04 de Março de 2011 às 15:22

A moeda coxa e a coxa da moeda

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, disse, esta semana: Falta uma perna ao euro. Na prática, chamou perneta à moeda única. Não lhe fica bem falar assim de quem é única.

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O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, disse, esta semana: Falta uma perna ao euro. Na prática, chamou perneta à moeda única. Não lhe fica bem falar assim de quem é única. O Euro também pode achar que Portugal está a gangrenar e é melhor amputar.

Um mês depois do PEC003*, chega o discurso oficial das... medidas adicionais. Medidas adicionais?! Podem chamar-me supersticioso, mas tirarem-me o décimo terceiro mês dá-me azar. E vai dar azar ao Governo! Medidas adicionais, sim, se a isso adicionarmos eleições.
Só compreendo este discurso - das medidas adicionais - depois da euforia com os resultados do mês de Janeiro, se Sócrates terminasse com um piscar de olho e sussurrasse - isto é só "show-off", porque estão olheiros da Alemanha na sala. Podia ser um momento de catarse entre o primeiro-ministro e os portugueses. O momento em que descobrimos que, desta vez, o nosso primeiro-ministro não nos está a enganar a nós mas sim aos alemães. E sentimos orgulho ao ver o Engº Sócrates a usar os seus super-poderes maléficos contra outros. Como nos livros de banda desenhada quando o vilão, por um episódio, passa para o lado do bem. Agora é que a Alemanha vai ficar a saber o que é propaganda!

Pode também dar-se o caso deste discurso ser apenas uma forma de fazer barulho com tachos para que ninguém oiça o anúncio de investimentos na ordem dos 12 mil milhões, até 2015, anunciado pelo ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações. E regressam as metáforas. António Mendonça é aquele indivíduo que nos filmes catástrofes vai no sentido contrário ao dos outros. O vulcão entrou em erupção e ele caminha no sentido da lava porque tinha planeado, há meses, uma pesca à truta num rio que, entretanto, já não existe. Ardeu. Mas lá vai ele com as suas amostras, os seus anzóis, e uma cana nova, a caminho da combustão. Desconfio que uma das medidas adicionais passa por mandar abater o ministro das Obras Públicas.

Eu acredito na versão - não há cá mais PECs, isto é tudo para enganar os alemães e ganhar tempo - basta ver que, à posição intolerante dos alemães para com os países do regabofe, o Governo respondeu com tolerância de ponto** no Carnaval. Uma terça-feira gorda em tempo de vacas magras. Ora, toma!

*Para numerar o PEC, passei a utilizar um contador da EDP em lugar da numeração romana. Assim, esta crónica passa a pagar taxa de televisão. Estamos muito à frente!
**Este ano, aconselho as pessoas a não irem brincar ao Carnaval e chegar cedo ao escritório. Porque, no estado em que isto está, esta tolerância de ponto pode ser um estratagema para aproveitar a manhã, que vocês não vão, para tirar a mobília e fechar a firma.



Meia dúzia de gordas à sexta


1. "Foi proibida a venda de gelados de leite materno" - espero que a proibição não chegue aos queijos. Depois queixam-se do fim das empresas familiares. Fecham empresas ao pares.

2. "Os EUA querem ajudar a derrubar ditador Líbio" - Despachem-se, Khadafi já só tem mais quatro mudas de roupa depois tem que começar a repetir! Eu acho que o Khadafi tem um ar efeminado. Se morrer como mártir, aposto que um ano depois continua a viver com 70 virgens.

3. "Merkel garante que nunca falou sobre ajuda externa a Portugal" - viva a MILF, fora o FMI!

4. "O Diário Económico não vendeu 14.623 exemplares por dia durante 2009. Vendeu, como agora reconhece, 9.511 exemplares. 35% da sua circulação estava falsamente inscrita como paga" - são os chamados leitores fantasma. Tanto tempo a escrever sobre os últimos orçamentos do Estado tinha que dar nesta circulação criativa.

5. "Freitas do Amaral sugeriu que o general Ramalho Eanes terá pistas a dar à Comissão de Inquérito ao caso Camarate sobre os relatórios e contas do Fundo de Defesa Militar do Ultramar" - Nada como ouvir falar em Ultramar em pleno século XXI. Espero que Ramalho Eanes apareça a comer bom-bokas.

6. "A confusão com a manifestação da geração à rasca resulta de as pessoas não estarem unidas num mesmo propósito" - é o problema de organizar uma manif em vez de uma rave. Independentemente das ideias, onde houver pandeiretas eu não vou.

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