Opinião
A estratégia Bart Simpson
Portugal, às vezes, é como Bart Simpson. Finge que é um bom aluno, diz que é um incompreendido e, ciclicamente, há um qualquer Homer com a cabeça perdida que o tenta estrangular.
Portugal, às vezes, é como Bart Simpson. Finge que é um bom aluno, diz que é um incompreendido e, ciclicamente, há um qualquer Homer com a cabeça perdida que o tenta estrangular. Em vez de Marge, quem costuma salvar Portugal é a divina previdência ou um milagre. Estamos à espera de que tal aconteça. E é por isso que Vítor Gaspar mostra o que aprendeu, quer com Bart Simpson quer com Maquiavel: o mal faz-se de uma vez e o bem aos poucos.
A eloquente e gongórica arte do sussurro desenvolvida entre Wolfgang Schauble e Vítor Gaspar mostra que a solução para a crise portuguesa se baseia no teatro de sombras chinês: fingimos de bom aluno, fazemos de elegantes dançarinos e prosseguimos a nossa vida. Agora como aluno estudioso, às vezes como cábula, outras como esponja. Tudo pareceu uma reverência do aluno para com o mestre, mas se bem repararmos será assim que talvez se consiga caminhar através das areias movediças sem nos afundarmos. Gostaríamos que Vítor Gaspar se assemelhasse mais a Bart Simpson. Mas só temos amor para dar em troca de dinheiro, apesar dos Beatles terem um dia cantado que o dinheiro não compra o amor. Da arte do sussurro desvendada pela televisão pareceu evidente que era Schauble que se desculpava perante Gaspar, como se carregasse a culpa da incompreensão alemã.
Com a Alemanha temos de ser orgulhosos (como fez Paulo Portas diante de Martin Schulz) e coniventes como Gaspar perante Schauble. Nenhuma estratégia é vencedora sem utilizarmos com sapiência a táctica. No fundo, não foi Gaspar que se vergou a Schauble. Foi este que se envergonhou da culpa alemã.
A eloquente e gongórica arte do sussurro desenvolvida entre Wolfgang Schauble e Vítor Gaspar mostra que a solução para a crise portuguesa se baseia no teatro de sombras chinês: fingimos de bom aluno, fazemos de elegantes dançarinos e prosseguimos a nossa vida. Agora como aluno estudioso, às vezes como cábula, outras como esponja. Tudo pareceu uma reverência do aluno para com o mestre, mas se bem repararmos será assim que talvez se consiga caminhar através das areias movediças sem nos afundarmos. Gostaríamos que Vítor Gaspar se assemelhasse mais a Bart Simpson. Mas só temos amor para dar em troca de dinheiro, apesar dos Beatles terem um dia cantado que o dinheiro não compra o amor. Da arte do sussurro desvendada pela televisão pareceu evidente que era Schauble que se desculpava perante Gaspar, como se carregasse a culpa da incompreensão alemã.
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