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Opinião
06 de Junho de 2012 às 10:42

A eficácia da comunicação

Um "feedback" oportuno faz avançar as decisões na hora certa, sem atrasos que poderiam destruir todo um projecto.

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Fazer, mexer-se e agir cada vez num ritmo mais frenético, sempre a correr e sem tempo para nada são constantes do dia a dia de muitas pessoas. Vai-se perdendo a capacidade de estar, de falar e de contactar directamente com os envolvidos nos diferentes âmbitos da vida de cada um. Os telemóveis, mails e redes sociais quebram também a relação directa, afectando a comunicação interpessoal. Quantos problemas se evitariam trocando ideias com os próprios interessados.

É essencial dar espaço e tempo para se falar individualmente com cada um. Cria-se confiança, fomenta-se a transparência e ganha-se uma compreensão mais autêntica da situação em causa e dos vários pontos de vista. Uma boa comunicação evita mal entendidos, desfaz intrigas e o "diz que disse", permite os desabafos que libertam, delimitando os problemas a pormenores que só um frente a frente franco pode resolver. Falar já abre a porta à solução.

Um "feedback" oportuno faz avançar as decisões na hora certa, sem atrasos que poderiam destruir todo um projecto. Há um outro aspecto importante: a comunicação não verbal deixa ver o que realmente está a ser dito e compreendido. Tudo isto exige tempo, mas é um precioso investimento. Vale a pena manter e fomentar os contactos directos. Só se tem a ganhar.

Nos dois filmes em análise a boa comunicação e/ou a falta dela são decisivos para o desenrolar da história. Em "O deus da carnificina" é patente como uma falha comunicativa gera frustração e ineficiência, enquanto que "Cavalo de guerra" ilustra bem como uma explicação oportuna faz alcançar os objectivos propostos.



"O deus da carnificina"





Realizador: Roman Polanski
Actores: Jodie Foster, Christoph Waltz, Kate Winslet
Duração: 80 min.
Ano: 2011







Este filme tem por base o livro de Yasmina Reza com o mesmo título, onde se faz um retrato cru e impiedoso da degradação a que podem chegar as relações humanas e a conseguinte frustração pela ruína de projetos em comum por falta de comunicação.

Duas crianças envolvem-se em confrontos e uma fica ferida com gravidade. Os pais de ambas resolvem encontrar-se para ajudar a resolver a questão. Os quatro adultos reúnem-se e falam sobre o sucedido. O que seria um encontro rápido, pois todos têm muito que fazer, vai-se transformando numa ocasião onde há espaço para falar. De início não existe à vontade nem franqueza, mas com o passar do tempo, surgem oportunidades para o desabafo, constatando situações mal resolvidas e que já há muito deveriam ter sido discutidas. O problema das crianças passa para segundo lugar, focando só as questões essenciais, em especial os problemas de comunicação. A cena do telemóvel é esclarecedora das verdadeiras prioridades de uns e outros. Há momentos hilariantes e outros dramáticos. A conversa vai então permitir identificar assuntos adiados e propor soluções. Cada um vai compreendendo melhor a realidade que construíra. No final, as crianças entendem-se e se os adultos tivessem logo falado com elas, teriam poupado um encontro. Mas que, no entanto, foi esclarecedor.




Três lições



Uma simples questão mal esclarecida, agiganta-se depois em algo insolúvel.
Não dizer o que se sente e se pensa cria uma frustração paralisante.
A confiança ganha-se quando se explicam os problemas de modo claro.








"Cavalo de guerra"






Realizador: Steven Spielberg
Actores: Jeremy Irvine; Emily Watson
Duração: 146 min.
Ano: 2011







Este filme de Spielberg pode ser considerado como uma fábula antiga em que um animal assume atitudes humanas. Tudo começa na Inglaterra dos inícios do séc. XX, onde um pai de família pobre compra um cavalo para cultivar a sua horta. O animal é útil e afeiçoa-se ao filho único da família. As dificuldades financeiras são muitas e o pai acaba por ter de vender o cavalo ao exército que parte para a I Guerra Mundial. O rapaz fica desolado mas vai falar pessoalmente com o novo dono, explica-lhe o que significa o cavalo e o seu interesse em recuperá-lo mais tarde.

Nas peripécias da guerra o cavalo é capturado pelos alemães e sofre ao seu serviço. Quer escapar. A dada altura lança-se numa cavalgada desenfreada mas fica preso numa teia de arame farpado. Relincha e chama a atenção, protestando e pedindo ajuda. Os dois bandos inimigos combinam então uma trégua para libertá-lo. Ao ficar solto regressa aos ingleses. Está ferido e decidem abatê-lo. Entretanto, o rapaz já alistado no exército encontra-se nesse local e também ele ferido. Desde o leito do hospital improvisado ouve barulhos no pátio das cavalariças. Assobia. O cavalo reconhece esse som. O rapaz com esforço levanta-se e fala com o comandante. Apresenta as provas de como é o seu dono. Insiste uma e outra vez e consegue reavê-lo.



Três lições



Os gestos e o tom de uma conversa confirmam que é autênticae genuína.
Falar com a pessoa responsável é essencial para conseguir os objetivos.
Saber apresentar os seus pontos de vista credibiliza a pessoa e as suas razões.



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