Opinião
A conspiração Mary Poppins
Agora que, por acção da chuva, o país deixou de arder, Portugal pode voltar à sua triste normalidade.
Entre a estimulante vida dos famosos e as visitas guiadas ao túnel do Marquês de Pombal, Portugal é uma imensa comédia pouco romântica. O assunto que faz tremer o país é a demissão de Adelino Salvado. Este, para que o assunto fosse encarado com seriedade, já sossegou os portugueses dizendo que os que o derrubaram eram uma mescla que assentava «quer em quadrantes políticos, quer económicos e em franjas da mais diversa criminalidade».
O argumento é tão claro que deve ser verdadeiro. Segundo Salvado, morcegos, fantasmas e gambozinos uniram-se para o derrubar. Como teoria da conspiração é óptima.
Nem George W. Bush se lembraria dela. Só não se entende como é que o ministro da Justiça, sabendo dessa temível aliança, libertou Salvado das suas funções. Como a credibilidade do sistema judicial avança feliz, como Mary Poppins, para o abismo, já só restam teorias conspirativas para explicar o inexplicável. E essa explicação já nem a PGR consegue dar.