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Cidades médias vs. grandes metrópoles

Uma boa gestão do território é, em termos das alterações climáticas, muito mais eficiente do que a construção de ciclovias, em Lisboa, mas é mais complexa e menos popular.

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Sou um fervoroso adepto das cidades médias, em oposição às grandes metrópoles, em países pequenos, de dimensão próxima da nossa.

Foi este modelo a opção seguida por Suíça, Holanda e Bélgica, com enorme sucesso, em termos económicos e sociais.

Nestes países, não encontramos nenhuma grande metrópole que absorva a maioria dos recursos do país, em particular, os recursos mais escassos e valiosos, que são os recursos do conhecimento.

Pelo contrário, assistimos a uma distribuição equilibrada de recursos e unidades empresariais, pelas várias cidades, de média dimensão, mas com massa crítica que lhes permite criar boas universidades e empresas competitivas.

A qualidade de vida, nestas cidades, é inquestionável, contribuindo para a atracção de talentos, de todo o mundo, e para o posicionamento competitivo das suas empresas, que actuam nos mercados globais.

Em Portugal, temos, exactamente, a situação inversa.

Duas grandes metrópoles, Lisboa e Porto, que absorvem a grande maioria dos recursos do país, com uma qualidade de vida em constante degradação, em particular em Lisboa, com o resto do país quase desertificado, com cidades de pequena dimensão, sem massa crítica para a criação e utilização de conhecimento, e, por conseguinte, sem capacidade para sediar empresas competitivas, a nível global.

E este processo de degradação persistente tem vindo a ser auto-alimentado, ano após ano.

É essencial inverter, rapidamente, esta situação, sob pena de se atingir um ponto de não retorno, de aumento de violência e criminalidade urbana, nas metrópoles, e dum conformismo, sem ambição, nas cidades do interior.

Uma boa gestão do território é, em termos das alterações climáticas, muito mais eficiente do que a construção de ciclovias, em Lisboa, mas é mais complexa e menos popular.

E, também, dá menos votos.

É, para todos nós, que reflectimos sobre estes temas, um enigma o facto de se continuar a aprovar a construção de escritórios, nas zonas centrais de Lisboa, aumentando o tráfego diário, de entrada e saída da cidade, e atirando para os subúrbios, os jovens que têm de vir trabalhar, todos os dias, para Lisboa.

Não há nenhum movimento de incentivo, real e concreto, à criação de actividade empresarial fora de Lisboa, e de penalização, desta actividade, em Lisboa.

Não há nenhum processo, em curso, de criação de cidades médias, por divisão da grande região de Lisboa, com autonomia socioeconómica real, que permita a vida diária dos cidadãos, integralmente, no interior dessas cidades.

Não há nenhum movimento sério, de transferência para outras cidades, do interior, de serviços públicos autónomos, que não têm qualquer justificação relevante, para se manterem em Lisboa.

Mas, um novo modelo, mais racional, de ordenamento do território português, é um projecto de médio e não de curto prazo.

Não é pois compatível com a estratégia política dos partidos, de extrema-esquerda, que nos governam.

 

Não há nenhum movimento de incentivo, real e concreto, à criação de actividade empresarial fora de Lisboa.
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