Opinião
+1 a favor do bloco (mas central)
Eis um assunto com tão pouca actualidade que quase me dá vontade de deixar um óbolo aos desconformes leitores que me passem pelos olhos. Realmente, quando há o preço do litro do benzodiacol a desvairar tanto os portugueses como o resto do mundo não produtor de petróleo e o início da Selecção Nacional no Europeu a tirar o sono, espraiar-se um cronista sobre uma hipótese,...
Realmente, quando há o preço do litro do benzodiacol a desvairar tanto os portugueses como o resto do mundo não produtor de petróleo e o início da Selecção Nacional no Europeu a tirar o sono, espraiar-se um cronista sobre uma hipótese, a mais de um ano de possibilidade e possivelmente a anos-luz de probabilidade, é a demonstração de que mesmo neste nobre ofício da crónica deveriam existir severos critérios de avaliação, do género dos que não foram tomados para a Função Pública.
Mas enfim, a vitória de Ferreira Leite no PSD e o facto de há já uns tempos eu ter partido em cruzada para salvação do País (em transporte público para poupar energia), sugerem alguma coisa de grandiloquente, ao menos para um dia de sexta-feira, sem nada de particular para fazer.
Quando chegar 2009, o PS, com esta governação sofrível menos, e com um provável cenário adverso (embora não tanto como se vai apregoando, cá na minha opinião), não vai obter maioria absoluta.
Não há grande mal, pois tendo desbaratado a que teve sem aproveitar a legitimidade e o “momentum”, também não daria grandes esperanças de aliviar os miasmas do País (já chateia ouvir, mas como ninguém liga ao ponto de fazer alguma coisa que se sinta, repete-se: Justiça – ou inexistência dela; Estado e despesa pública a mais; informalidade e economia paralela; impostos sufocantes; domínio dos “lobbies”; legislação remendada mas ainda anquilosada , desde o arrendamento ao trabalho; escolas feitas para dar diplomas e não para aprender; predomínio de uma classe nefasta de políticos/gestores que sugam o tutano da coisa pública, enquanto rodam cadeiras, acumulam reformas e desdenham a meritocracia). (1)
Se o PS optar por dirigir com maioria relativa, governar sozinho dá para um ano, mais coisa menos coisa, ou para guterrizar de vez a situação.
Para coligações, se for à esquerda, era como pôr os terroristas no WTD. Nem seria um caso de “pior a emenda do que o soneto”, era mesmo dar cabo do estaminé. Então se um Estado com esta estrutura ainda levasse em cima mais uma dose de filhos ou primos do marxismo, eu era a favor, já agora, de entregar o País ao Chávez – estilo “senhor que lhe faz bem”. Bacalhau a pataco ou gasolina a 10 cêntimos, nem falo de uns “visons”, ainda dava para pensar.
O CDS possibilitava um apêndice razoável, ia fazendo qualquer coisa sem deixar a coligação sobre brasas, por falta de músculo (podia ficar com o Ministério do Futebol e do Novo Fado), mas não ajudaria a criar massa crítica.
Entra então em cena o PSD da Manelita, além do mais uma amiga do Presidente.
Ora o PS/Sócrates é vagamente reformista e o PSD/Ferreira Leite é o produto genuíno.
Como aqui se não fez um Pacto tipo Mancloa, como em Espanha (nunca apareceu um dirigente socialista com a visão e autoridade de Felipe González), então saia uma Grande Coligação de centro, que enfrente tanto a rua como os interesses instalados, agora com outra maturidade e em “timing” certo. O tempo ainda não é para uma receita liberal, mesmo mitigada, mas a reforma sistemática é exequível e imprescindível. Os alemães, que não são burros de todo, estão numa dessas, sem amor, mas com sucesso.
Cá por mim, a ter de propugnar por casamentos um tanto espúrios, como está na moda, então antes os de conveniência.
(1) A chocante desigualdade é para ser enfrentada por uma questão de decência mais do que para funcionamento eficaz do País.
Mas enfim, a vitória de Ferreira Leite no PSD e o facto de há já uns tempos eu ter partido em cruzada para salvação do País (em transporte público para poupar energia), sugerem alguma coisa de grandiloquente, ao menos para um dia de sexta-feira, sem nada de particular para fazer.
Não há grande mal, pois tendo desbaratado a que teve sem aproveitar a legitimidade e o “momentum”, também não daria grandes esperanças de aliviar os miasmas do País (já chateia ouvir, mas como ninguém liga ao ponto de fazer alguma coisa que se sinta, repete-se: Justiça – ou inexistência dela; Estado e despesa pública a mais; informalidade e economia paralela; impostos sufocantes; domínio dos “lobbies”; legislação remendada mas ainda anquilosada , desde o arrendamento ao trabalho; escolas feitas para dar diplomas e não para aprender; predomínio de uma classe nefasta de políticos/gestores que sugam o tutano da coisa pública, enquanto rodam cadeiras, acumulam reformas e desdenham a meritocracia). (1)
Se o PS optar por dirigir com maioria relativa, governar sozinho dá para um ano, mais coisa menos coisa, ou para guterrizar de vez a situação.
Para coligações, se for à esquerda, era como pôr os terroristas no WTD. Nem seria um caso de “pior a emenda do que o soneto”, era mesmo dar cabo do estaminé. Então se um Estado com esta estrutura ainda levasse em cima mais uma dose de filhos ou primos do marxismo, eu era a favor, já agora, de entregar o País ao Chávez – estilo “senhor que lhe faz bem”. Bacalhau a pataco ou gasolina a 10 cêntimos, nem falo de uns “visons”, ainda dava para pensar.
O CDS possibilitava um apêndice razoável, ia fazendo qualquer coisa sem deixar a coligação sobre brasas, por falta de músculo (podia ficar com o Ministério do Futebol e do Novo Fado), mas não ajudaria a criar massa crítica.
Entra então em cena o PSD da Manelita, além do mais uma amiga do Presidente.
Ora o PS/Sócrates é vagamente reformista e o PSD/Ferreira Leite é o produto genuíno.
Como aqui se não fez um Pacto tipo Mancloa, como em Espanha (nunca apareceu um dirigente socialista com a visão e autoridade de Felipe González), então saia uma Grande Coligação de centro, que enfrente tanto a rua como os interesses instalados, agora com outra maturidade e em “timing” certo. O tempo ainda não é para uma receita liberal, mesmo mitigada, mas a reforma sistemática é exequível e imprescindível. Os alemães, que não são burros de todo, estão numa dessas, sem amor, mas com sucesso.
Cá por mim, a ter de propugnar por casamentos um tanto espúrios, como está na moda, então antes os de conveniência.
(1) A chocante desigualdade é para ser enfrentada por uma questão de decência mais do que para funcionamento eficaz do País.
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