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[163.] Ford, Renault, Mitsubishi, Vimeiro

Chega o Verão e é como se vê: cansaço, falta de imaginação. A publicidade entrou em sistema «déjà vu»: ao ver muitos dos anúncios, sente-se a estranheza de que já os termos visto algures.

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Nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma na mesma coisa. Os novos anúncios podem não ser cópias, mas são regressos do já visto ou até do já gasto. O novo Ford Fiesta Connection enche uma página de vermelho (o carro é encarnado, todo o fundo também), e usa nos «slogans» as palavras «excitante», «apaixonante» e «sensações»: demasiada paixão para mim, e demasiado semelhante a vários anúncios nos últimos anos de carros para miúdos.

É original a ideia de pôr uma grávida a pedir boleia num Renault por causa da segurança, mas o cartão manuscrito na mão da pré-mamã está demasiado próximo dos anúncios da Teka com o mesmo recurso, que por sua vez já copiavam outros da TV Cabo (referidos no Manto Diáfano no nº159 e 160).

O novo cupé-cabrio Colt CZC Mitsubichi recorre ao friso em cima da página com quatro imagens de versatilidade do carro, exactamente o mesmo processo já usado num anúncio do Fiat Idea (referido no Manto Diáfano nº39), noutros com três anos da mesma Mitsubishi, do modelo Lancer e do Colt (referidos no nº46 e no nº61), e na persistente campanha do Smart For Four (referida no nº145).

Um dos reclames do Creme Gordo Barral pergunta: «A sua pele desperta inveja?» – e a manequim, numa exemplificação muito gráfica, muito directa da inveja, espalha creme no cotovelo. Será que estes publicitários tiveram dor de cotovelo da excelente campanha do Peugeot 307 em torno da ideia «coisa feia, a inveja» (referida no nº48)?

O Ford Focus diz-nos «Controle a estrada» e apresenta uma fotografia magnificamente manipulada para mostrar uma curva impossível e exposta às ondas do mar. Onde já terei eu visto estas estradas impossíveis? Num anúncio de pneus ...? Num anúncio televisivo do Renault Mégane em que um jovem combate a estrada transformada em fabulosa serpente (referido no nº141)?

A Água do Vimeiro mostra um corpo de homem ou um corpo de mulher sobreposto com uma imagem de água, com bolinhas subindo por ele acima e dando-lhe um tom azulado. A campanha contraria um pouco a da moda das águas com sabor, e que são o mais fantástico contra-senso comercial do ano, dado que uma «água com sabor» não é água, porque a água se define precisamente por não ter sabor. Mas os anúncios do Vimeiro não são demasiado próximos de uma campanha da Água de Luso já com alguns anos (antes da moda dos sabores) sublinhando que o nosso corpo é feito principalmente de água?

No anúncio do seu modelo Khaki Navy Regatta, o relógio Hamilton mostra um mergulhador – tal e qual como fez a Tag Heuer num anúncio aqui referido no nº6. Nesse reclame, já lá vão três anos, o mergulhador parecia acabado de sair da água. Neste da Hamilton parece que ele se prepara para sair da água.  O que falta mesmo, agora, é que os publicitários vão também a banhos e refresquem as ideias.

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