Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Universidades: o que esperamos delas, dos EUA a Portugal

Não basta exportar bons alunos para o exterior. É preciso saber muito mais sobre as suas realidades, dos bons e dos menos bons, é preciso conhecer o que os leva à universidade e o que está a ser bem e mal feito, bem como conhecer o que pensam as famílias e os ex-alunos que delas saíram.

Um artigo do Intelligent.com foi realizado sobre a educação de nível superior nos Estados Unidos, colocando em perspetiva a diminuição da fé dos americanos no valor do ensino superior, mesmo que a maioria dos pais ainda deseje que seus filhos frequentem a universidade. O estudo realizado pela Intelligent.com em setembro de 2023 revela várias perceções interessantes sobre o ensino superior nos Estados Unidos.

O primeiro ponto notável é que 27% dos americanos consideram que a universidade não vale a pena. Essa é uma percentagem significativa e levanta questões sobre as razões subjacentes para essa descrença. Essa perceção varia entre grupos etários, partidos políticos e níveis de escolaridade. Nota-se que os republicanos, por exemplo, são mais propensos do que democratas a considerar que a universidade não vale a pena, e isso parece estar relacionado com preocupações políticas e ideológicas.

Outro dado interessante é que 1 em cada 8 pessoas com diplomas avançados (licenciaturas, mestrados) acredita que o seu nível de educação não valeu a pena. Isto é surpreendente, dado que os diplomas avançados costumam ser vistos como uma maneira de melhorar as perspetivas de carreira e são um ascensor social.

O estudo também indica que 91% dos pais com filhos menores de 18 anos desejam que os seus filhos frequentem a universidade. Essa é uma aspiração comum, mas também levanta a questão de como as perceções dos pais podem influenciar as escolhas dos filhos em relação ao ensino superior. Mesmo entre pais que acreditam que a universidade não vale a pena, cerca de 69% ainda querem que seus filhos a frequentem.

Um motivo recorrente para aqueles que não veem valor na universidade é o custo elevado. O estudo revela que 93% dos entrevistados acham que a universidade é “muito cara” ou “cara”. Além disso, muitos acreditam que a faculdade não melhora as perspetivas de emprego, que o que é ensinado não é valioso ou que a instituição é excessivamente liberal ou política. Essas preocupações variam significativamente entre republicanos e democratas, com os republicanos expressando mais descontentamento em relação à suposta politização da educação superior.

Por outro lado, para aqueles que consideram a universidade valiosa, a principal razão é a melhoria das perspetivas de emprego. Isso sugere que, apesar das dúvidas, muitos ainda veem o ensino superior como um caminho para o sucesso profissional.

O estudo também destaca a opinião de um especialista, Diane Gayeski, que enfatiza que a universidade oferece mais do que apenas preparação para uma carreira; ela proporciona uma experiência enriquecedora que inclui a exposição a diferentes pessoas e ideias, desenvolvimento de habilidades de liderança e ampliação das perspetivas de prazer na vida.

Em resumo, o estudo mostra que a perceção do valor da universidade nos Estados Unidos é variada e influenciada por uma série de fatores, incluindo políticos, custo, perspetivas de emprego e ideologia. O estudo também destaca a importância do ensino superior como um caminho para o sucesso, apesar das preocupações expressas por alguns grupos da população. A decisão de frequentar a universidade ainda é influenciada por uma mistura complexa de aspirações dos pais, opiniões pessoais e realidades económicas.

Este estudo foi feito online e foi encomendado pela Intelligent.com e realizado a 14 de setembro de 2023. Os entrevistados consistem numa amostra nacional de 1.202 americanos recrutados usando o SurveyMonkey Audience (podemos fazer bem melhor em Portugal).

Os entrevistados foram selecionados para representar a população dos EUA por idade, sexo e região.

Por cá, em Portugal, deveríamos estar a desenvolver um estudo deste tipo. Incluindo os fatores determinantes para escolha ou não da universidade mas, igualmente, o que pais, famílias e empresas pensam do trabalho feito nas mesmas. Se isto existe, desconheço. Se existe e desconheço talvez não tenha sido comunicado de forma apropriada.

Isto porque não basta exportar bons alunos para o exterior. É preciso saber muito mais sobre as suas realidades, dos bons e dos menos bons, é preciso conhecer o que os leva à universidade e o que está a ser bem e mal feito, bem como conhecer o que pensam as famílias e os ex-alunos que delas saíram. Igualmente as empresas. Sem isto vamos vivendo muito de uma base empírica pouco consistente e de um diz que disse. Pessoalmente, baseio-me na realidade que conheço e outros nas suas próprias realidades. Mas precisamos de mais e melhor informação do que apenas isto para tomarmos algumas decisões de fundo.

 

Ver comentários
Mais artigos de Opinião
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio