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Ainda a internacionalização das universidades!

Como deve uma universidade portuguesa posicionar-se no mercado global quando pretende fazer internacionalização? Esta é uma questão que muitas instituições de ensino superior em Portugal colocam, mas para a qual nem sempre encontram respostas satisfatórias. E encontrar respostas satisfatórias é crucial na medida em que as nossas pirâmides etárias em nada ajudarão as nossas universidades em 5 a 10 anos.

Portugal é um país pequeno, vulnerável, aberto ao exterior, mas com uma fraca diplomacia económica, que não consegue projetar a sua imagem e o seu valor económico no exterior. Muitos países desconhecem o trabalho que tem sido feito em Portugal pelo ensino superior, tanto na qualidade da formação, como na produção científica e na inovação como, até, na exportação de alunos (quem os pode reter são as empresas e não as universidades e é bom que a verdade se diga).

Por isso, as universidades portuguesas enfrentam vários desafios quando querem internacionalizar-se, como a concorrência de países mais desenvolvidos e atraentes, e a predominância das soluções anglo-saxónicas, a falta de recursos financeiros e humanos, a burocracia e a rigidez do sistema, a dificuldade em atrair e reter estudantes e investigadores estrangeiros, e a resistência à mudança e à diversidade cultural.

Mas a internacionalização não é uma opção, é uma necessidade e uma inevitabilidade. As universidades portuguesas têm de se adaptar às exigências e às oportunidades do mercado global, se quiserem manter a sua relevância e competitividade. Para isso, precisam de definir uma estratégia clara e coerente, que tenha em conta as suas especificidades, os seus objetivos e os seus públicos-alvo.

Uma possível solução é criar um hub português, como tem sido tentado, que seja uma plataforma de colaboração e de intercâmbio entre as universidades portuguesas e, bem assim, as suas parceiras internacionais, que promova a mobilidade, a cooperação, a inovação e a visibilidade do ensino superior português no mundo. É fundamental, porém, que este hub seja desenhado com os incentivos certos e que evite “overlaps” e antes crie sinergias em áreas complementares.

Este hub português – obviamente com os incentivos apropriados – poderia ter várias vantagens, como:

• Aproveitar a língua portuguesa, a par com a inglesa, como um fator de diferenciação e de aproximação a países lusófonos, para além de todos os demais, que são mercados emergentes e com potencial de crescimento;

• Explorar a localização geográfica de Portugal, entre muitas outras vantagens (país europeu, clima favorável, segurança, boa qualidade de vida) que é um ponto de ligação entre Europa, África e América Latina, e que oferece condições climáticas e culturais favoráveis;

• Valorizar a história e a identidade de Portugal, que é um país com uma tradição de descoberta, de abertura e de tolerância, e que tem uma riqueza patrimonial e artística reconhecida e um legado de integração e de inclusão muito elevados;

• Apostar na qualidade e na diversidade da oferta formativa, que abrange várias áreas do conhecimento, desde as ciências às humanidades, passando pelas artes e pelas tecnologias;

• Incentivar a investigação e a inovação, que são áreas estratégicas para o desenvolvimento económico e social, e que podem gerar soluções para os problemas globais;

• Integrar a responsabilidade social e ambiental, que são valores cada vez mais exigidos pela sociedade e pelos “stakeholders”, e que podem contribuir para a sustentabilidade e a inclusão.

No entanto, para que um hub português seja bem-sucedido, é preciso que as universidades portuguesas sejam capazes de:

• Superar a mentalidade provinciana e conservadora, que limita a visão e a ambição, e que impede a adaptação e a inovação;

• Romper com o isolamento e a competição, que reduzem a cooperação e a sinergia, e que impedem a partilha e a aprendizagem;

• Investir a sério na internacionalização, mas com o hub desenhado com os incentivos corretos, o que requer recursos e compromisso, e que implica riscos e desafios, mas que também traz benefícios e oportunidades imensas.

Em suma, as universidades portuguesas têm de se posicionar no mercado global como um hub português, que seja uma referência de qualidade, de diversidade, de inovação e de responsabilidade, e que seja capaz de atrair e de reter talentos, de gerar conhecimento e certamente de criar valor (riqueza).

 

As universidades portuguesas têm de se adaptar às exigências e às oportunidades do mercado global, se quiserem manter a sua relevância e competitividade.
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