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O (novo) Parlamento Europeu e os desafios da gestão

Só através de ações coordenadas e decisivas será possível moldar um futuro mais positivo e resiliente diante dos riscos globais identificados.

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Durante a campanha para as eleições europeias de 9 de junho, os candidatos discutiram as suas respostas aos problemas da Europa, tais como a necessidade do reforço da defesa europeia e do apoio económico e militar à Ucrânia, a necessidade de obtenção de uma solução sustentável e de longo prazo para o conflito israelo-palestiniano, o controlo das fronteiras, o apoio à transição energética e o combate à pobreza. Já na perspetiva das empresas, espero que os eurodeputados consigam, de forma efetiva e eficaz, promover o contexto que permita aos gestores das empresas europeias mitigarem os efeitos dos principais riscos globais que enfrentam.

O Global Risks Report 2024, do World Economic Forum, analisa os riscos mais severos que os gestores poderão ter de enfrentar na próxima década, num cenário de mudanças tecnológicas rápidas, incerteza económica, aquecimento global e conflitos armados. O relatório identifica quatro forças estruturais que moldarão os riscos globais: mudanças climáticas, bifurcação demográfica, aceleração tecnológica e mudanças geoestratégicas.

No curto prazo (a 2 anos), nos 10 principais riscos percecionados surgem os riscos económicos (com a inflação em 7º lugar e a recessão económica em 9º), geopolíticos (com os conflitos armados em 5º) e os riscos tecnológicos, demográficos e ambientais. Já no longo prazo (a 10 anos), estes três últimos são os que dominam. Os riscos ambientais ocupam os primeiros 4 lugares, integrando o risco de eventos ambientais extremos, alterações críticas aos sistemas terrestes, escassez de recursos naturais, e perdas de biodiversidade e colapso dos ecossistemas. Do lado dos riscos tecnológicos, surgem a desinformação, as consequências adversas associadas à utilização de soluções de inteligência artificial e a insegurança cibernética. Quanto aos riscos demográficos, a migração involuntária e a polarização social são apontadas como os mais relevantes.

Se olharmos para o relatório CEO Outlook da KPMG de 2023, onde mais de 1.300 CEO globais foram ouvidos sobre os desafios para o crescimento nos próximos 3 anos, os principais riscos apontados alinham-se com os anteriormente indicados, acrescentando, com pertinência, o risco da dificuldade de acesso ao talento.

E neste contexto de risco e incerteza, podem ser identificados quatro grandes desafios para os gestores. Primeiro, o desafio de tomar decisões num mundo em constante mudança; a tomada de decisão tem de ser informada e ponderada; mas as novas tecnologias, nomeadamente ferramentas de inteligência artificial, podem desempenhar um papel fundamental, desde que respeitadas regras fundamentais da ética. Segundo, a necessidade de inovação constante; porém, para que a esta aconteça, é necessário que os gestores promovam uma cultura de inovação nas empresas, como parte integrante da estratégia, criando vantagens competitivas a longo prazo. Terceiro, o acesso e a retenção de talento, nomeadamente aquele que permitirá às empresas responder rápida e agilmente perante a materialização dos riscos já referidos; para tal, a humanização das lideranças - que passa por liderar pelo exemplo e com empatia - e a promoção de uma cultura de proximidade, tornam-se essenciais. Quarto, o desafio da sustentabilidade; o caminho da implementação de práticas empresariais sustentáveis e da promoção da inovação com o foco na sustentabilidade permitirá às empresas criarem valor a longo prazo para todos os seus stakeholders, enquanto protegem o planeta para as gerações futuras.

A próxima década trará mudanças significativas, testando a capacidade adaptativa dos gestores. Só através de ações coordenadas e decisivas será possível moldar um futuro mais positivo e resiliente diante dos riscos globais identificados. Apesar da fragmentação social e económica crescente, existem oportunidades para ações locais, regionais e internacionais que podem reduzir significativamente os impactos destes riscos. Estratégias focadas, investimentos públicos geradores de valor a longo prazo e legislação menos complexa, mas eficaz, podem ajudar os gestores a enfrentarem riscos inevitáveis. Caberá aos eurodeputados para esta nova legislatura um papel decisivo em todo este processo.
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