Na passada quarta-feira, 25 de setembro, foi assinalado o Dia Nacional da Sustentabilidade. Perante os enormes desafios ambientais, sociais e de “governance” que enfrentamos, uma questão surge: como podemos contribuir para o (inevitável) processo de transformação da economia?

Projetos de inovação são críticos. A inovação desempenha um papel fundamental na criação de tecnologias disruptivas que promovam soluções empresariais com um âmbito circular, sustentável e regenerativo. Assim, a inovação tem um enorme potencial na promoção do crescimento sustentável e na criação e consolidação de vantagens competitivas. Contudo, a sua promoção depende muito das lideranças das empresas e da forma como elas vêm o negócio. A criação de uma cultura de inovação fortemente ligada a uma mudança de paradigma é fundamental para que as empresas passem a ter a sustentabilidade como o pilar da sua estratégia e não apenas como um “apêndice”. A gestão e a tomada de decisão têm de passar a ser efetuadas com base em métricas de valor económico e não apenas de valor financeiro.

É necessário incorporar a sustentabilidade e regeneração na estratégia empresarial (e também pública). Uma estratégia que concebe o negócio no contexto de um sistema maior que é a sociedade, e que por sua vez se integra noutro muito maior que é o ambiente, em que a empresa navega dentro dos limites sociais e ambientais, e em que a sustentabilidade tem de ser vista como “não causar qualquer dano”, regenerando a sociedade e o planeta, e não apenas como “causar menos dano”.

A sustentabilidade está concentrada em fazer “menos mal”, quer através da redução das emissões, quer utilizando menos energia – tudo endereçado de forma muito espartilhada. É necessário ir mais além, combinando pensamento regenerativo com pensamento holístico, com o objetivo da construção de uma nova economia global mais inclusiva e estável.

Em suma, o desafio do nosso tempo e das empresas é compreender como tirar partido do contexto desafiante e incerto atual para construir uma nova economia global mais inclusiva e estável. Que vejam a aposta em investimentos sustentáveis e regenerativos e, por isso mesmo com impacto positivo, como a fonte da vantagem competitiva que gerará retornos económicos e financeiros sustentáveis a longo prazo.

E o INSURE.hub (Innovation in Sustainability and Regeneration.Hub) é um bom exemplo de como é que as universidades, em conjunto com a indústria e, de forma, mas ampla, com a sociedade, podem criar plataformas que contribuem para um futuro sustentável e regenerativo. Esta plataforma, lançada em outubro de 2021, pela Universidade Católica Portuguesa, trazendo o conhecimento de duas faculdades, a Escola Superior de Biotecnologia e a Católica Porto Business School, bem como da Planetiers New Generation, tem como principal objetivo criar um ecossistema internacional de conhecimento transdisciplinar e promotor de soluções empresariais com um âmbito circular, sustentável e regenerativo, alimentado por tecnologias disruptivas.

Pretende-se que empresas e outras entidades, num contexto universitário e multidisciplinar desafiante, abordem as temáticas da inovação, sustentabilidade e regeneração. O INSURE.hub procura, assim, constituir-se como uma comunidade que aprende, produz e devolve conhecimento à sociedade em importantes temas, os quais estão em constante evolução. E atua em 4 pilares: (i) apoiar a organizações no processo de evolução e transformação tendo a sustentabilidade e a regeneração no centro das suas decisões e da sua estratégia; (ii) facilitar a inovação disruptiva e a sua transferência para a indústria; (iii) promover a literacia em sustentabilidade e regeneração; e (iv) oferecer programas de formação de base interdisciplinar e com base em pensamento sistémico. Após quase 3 anos desde o lançamento, integram já o INSURE.hub mais de 80 parceiros nacionais e internacionais.

E no âmbito do pilar da literacia em sustentabilidade, nos próximos dias 29 e 30 de outubro, terá lugar a 4th Innovation, Sustainability and Regeneration Internacional Conference, no Campus do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Líderes mundiais nestas áreas, como são Michael Sheldrick, Varun Ngaraj e Wayne Visser, discutirão temas como ciência de dados e inteligência artificial como suporte à inovação para a sustentabilidade, como passar de ideais ao impacto, e a inovação como pilar fundamental da regeneração da natureza, das pessoas e da sociedade. E teremos ainda 6 parceiros do Hub a apresentar os seus casos de inovação e sustentabilidade. Estão todos convidados!