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O futuro das finanças

A transição para uma economia regenerativa e a erradicação do “greenwashing” são passos essenciais para garantir um futuro sustentável e justo. Ao abraçar estas mudanças, o setor financeiro pode desempenhar um papel central na construção de um mundo onde a natureza, a sociedade e a economia não apenas sobrevivam, mas prosperem.

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No dia 24 de julho recebemos, na Católica Porto Business School, Wayne Visser, um dos especialistas mais reputados na área da sustentabilidade e regeneração. Sobre o tema “tecnologias emergentes que podem salvar o planeta”, destacou a energia solar e eólica, a mobilidade elétrica, o hidrogénio verde, a agricultura celular e microbiana, a fermentação de precisão, os biomateriais e a inteligência artificial.

Foram apresentadas várias inovações disruptivas. Contudo, a discussão conduziu a plateia para o desafio do seu financiamento. Por outras palavras, para os elevados montantes de financiamento necessários para o seu desenvolvimento e, mais importante, para lhes dar a necessária escala. Segundo a OCDE, o “gap” de financiamento, para dar resposta aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, é de cerca de 50% até 2030. No contexto atual, marcado por crises climáticas e transformações socioeconómicas, o setor financeiro encontra-se numa encruzilhada. E qual será o futuro das finanças?

Wayne Visser, em “Thriving”, argumenta que a sustentabilidade por si só já não é suficiente. Ele propõe um movimento de regeneração, onde o objetivo não é apenas manter o “status quo”, mas melhorar ativamente a saúde dos ecossistemas, da sociedade e da economia. Esta abordagem exige uma mudança de paradigma, onde as empresas e instituições financeiras se tornam agentes de transformação positiva. Para o setor financeiro, isto significa investir em projetos que promovam a biodiversidade, a justiça social e a prosperidade económica de longo prazo. Em vez de simplesmente evitar danos, os investimentos devem ter um impacto positivo tangível. Por exemplo, bancos e fundos de investimento podem priorizar iniciativas que restaurem habitats naturais ou que promovam a inclusão social e a igualdade de oportunidades.

Paralelamente, o estudo da European Banking Authority (EBA) “Report on Greenwashing Monitoring and Supervision” sublinha a crescente preocupação com o “greenwashing” no setor financeiro. O “greenwashing” refere-se à prática de empresas e instituições financeiras que alegam ser ambientalmente responsáveis sem implementar verdadeiras práticas sustentáveis. Este comportamento “engana” os investidores e os agentes económicos em geral, reduzindo a sua confiança. A EBA identificou várias áreas onde o “greenwashing” é prevalente, como na emissão de obrigações verdes e nos relatórios de sustentabilidade das empresas. A autoridade enfatiza a necessidade de regulamentação rigorosa e supervisão eficaz para combater estas práticas.

A convergência das ideias de regeneração de Visser e a luta contra o “greenwashing”, que a EBA pretende promover, apontam para um futuro nas finanças mais ético e sustentável. Para alcançar este objetivo, várias estratégias podem ser implementadas. Começando por: i) educação e sensibilização: as instituições financeiras devem promover a educação e a sensibilização sobre a importância da regeneração e da sustentabilidade, incluindo a divulgação de informações transparentes aos investidores. ii) Regulamentação rigorosa: a implementação de normas rigorosas não só para a emissão de obrigações sustentáveis, mas também na celebração de contratos de financiamento bancários sustentáveis (verdes, sociais ou incluindo KPI de sustentabilidade), bem como na elaboração de relatórios de sustentabilidade. As entidades reguladoras, como a EBA, devem monitorizar ativamente o cumprimento destas normas e aplicar sanções quando necessário. iii) Inovação financeira: a criação de novos instrumentos financeiros que incentivem investimentos sustentáveis e regenerativos é crucial. Tal pode incluir fundos de impacto, obrigações sustentáveis e outros produtos que alinhem retornos financeiros com benefícios ambientais e sociais. iv) Colaboração intersetorial: a colaboração entre governos, setor privado e sociedade civil é fundamental para promover práticas financeiras regenerativas. Parcerias público-privadas e iniciativas comunitárias podem impulsionar a mudança a uma escala maior. v) Transparência e reporte: as empresas devem adotar práticas de reporte transparentes e padronizadas, permitindo aos investidores avaliar a verdadeira sustentabilidade dos seus investimentos. Ferramentas como a contabilidade ambiental e social integrada podem ajudar a medir e comunicar o impacto regenerativo.

Em suma, a transição para uma economia regenerativa e a erradicação do “greenwashing” são passos essenciais para garantir um futuro sustentável e justo. Ao abraçar estas mudanças, o setor financeiro pode desempenhar um papel central na construção de um mundo onde a natureza, a sociedade e a economia não apenas sobrevivam, mas prosperem. E com o objetivo de debater o futuro das finanças, a Católica Porto Business School vai realizar em outubro o primeiro seminário do seu ciclo de conferências sobre mercados e instituições financeiras, com o título “O Futuro das Finanças”. Uma boa forma de começar o próximo ano letivo!

 

A transição para uma economia regenerativa e a erradicação do “greenwashing” são passos essenciais para garantir um futuro sustentável e justo.
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