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Mais um ano letivo a arrancar… e a literacia financeira?

Num contexto em que a economia global enfrenta constantes desafios, a capacidade de gerir eficazmente as finanças pessoais é cada vez mais vista como uma competência essencial.

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Nos últimos anos, a literacia financeira tornou-se um tema central nas discussões sobre o desenvolvimento económico e social. Num contexto em que a economia global enfrenta constantes desafios, a capacidade de gerir eficazmente as finanças pessoais é cada vez mais vista como uma competência essencial. Em Portugal, os níveis de literacia financeira deixam a desejar: de acordo com os resultados de 2022 do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos da OCDE, o desempenho dos alunos portugueses em literacia financeira diminuiu 11 pontos face a 2018; o estudo “Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental”, publicado em maio de 2024, conclui que mais de metade da população portuguesa (64%) tem baixos níveis de conhecimento sobre o tema e cerca de 50% sente stress quanto à sua condição financeira.

No dia 25 de agosto foram conhecidos os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior de 2024. Para o ano letivo 2024/2025, mais de 50 mil alunos entram no ensino superior em Portugal. Contudo, apenas cerca de 7% destes alunos vão frequentar licenciaturas de economia, gestão ou finanças e, dessa forma, adquirirem conhecimentos na área da gestão financeira. Por outras palavras, é muito pouco quando sabemos que é fundamental investir na educação financeira e que ao contrário de Portugal, outros países europeus, principalmente os do Norte da Europa, já há muitos anos a incorporam como parte integrante dos programas educativos e logo desde o ensino primário.

Os jovens são um grupo particularmente importante quando se trata de literacia financeira. Este é o período da vida em que muitos hábitos, incluindo os financeiros, começam a formar-se. A falta de conhecimentos financeiros pode levar a más decisões financeiras, como o endividamento excessivo, a falta de poupança e escolhas de investimento inadequadas, que podem ter um impacto negativo a longo prazo na sua saúde financeira. A inclusão da literacia financeira de forma sistemática nos currículos escolares dos ensinos básico e secundário prepararia os jovens para a liberdade financeira. Ao adquirirem competências financeiras desde cedo, estes futuros adultos estariam mais preparados para enfrentar os desafios financeiros que inevitavelmente surgem na vida adulta. Por exemplo, aprender sobre taxas de juros, risco e retorno em investimentos, ou mesmo sobre a importância de ter um fundo de emergência, pode fazer a diferença nas suas vidas.

Os adultos também enfrentam desafios significativos quando se trata de literacia financeira, especialmente em relação ao planeamento da reforma. Perceber a importância de começar a planear cedo e tomar decisões informadas sobre poupanças e investimentos é crucial para garantir um futuro seguro. Infelizmente, muitos portugueses começam a planear a reforma demasiado tarde, o que resulta em poupanças insuficientes para manter o padrão de vida desejado após a reforma.

Além dos jovens e dos adultos, há populações vulneráveis, como as de baixo rendimento, que enfrentam desafios únicos que podem ser mitigados através de programas de educação financeira direcionados. Estas populações, que muitas vezes vivem no limite da sustentabilidade financeira, beneficiariam imensamente de uma maior literacia financeira. Com o conhecimento certo, poderiam gerir melhor os seus recursos limitados, evitar o sobre-endividamento, e começar a construir um futuro mais seguro para si e para as suas famílias.

A promoção da literacia financeira não é apenas uma responsabilidade individual, mas também uma questão de interesse público. Melhorar a literacia financeira da população em geral tem impactos positivos que transcendem o bem-estar individual. Uma população financeiramente educada é mais capaz de tomar decisões económicas informadas, o que, por sua vez, contribui para a estabilidade económica geral do país. Além disso, uma melhor gestão das finanças pessoais ajuda a reduzir o stress financeiro, que é uma das principais causas de problemas de saúde mental e baixa produtividade no trabalho.

A integração de tecnologia na educação financeira também pode desempenhar um papel crucial. Atualmente, existem inúmeras aplicações e plataformas online que facilitam a aprendizagem e a gestão financeira. Ao incorporar estas ferramentas no ensino e na vida quotidiana, podemos tornar a educação financeira mais acessível e adaptada às necessidades e preferências dos jovens.

Em conclusão, a promoção da literacia financeira em Portugal, especialmente entre os jovens pré-universitários, é uma prioridade que não pode ser ignorada. As vantagens são claras: indivíduos mais bem preparados financeiramente, menos desigualdade económica e uma sociedade mais resiliente e produtiva. Cabe às instituições de ensino, aos governos e à sociedade em geral reconhecer a importância deste tema e agir de acordo para garantir que os jovens de hoje sejam os adultos financeiramente responsáveis de amanhã. E as escolas de Gestão portuguesas, cotadas entre as melhores do mundo em termos de acreditações e “rankings”, têm um papel fundamental.

 

Uma população financeiramente educada é mais capaz de tomar decisões económicas informadas, o que, por sua vez, contribui para a estabilidade económica geral do país.
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