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16 de Julho de 2020 às 09:20

Compromisso com o futuro

Na vanguarda deste movimento, a Nova SBE embarcou num projeto para desenvolver um modelo semelhante, adaptando-o à realidade portuguesa. Os primeiros passos têm tido muito sucesso.

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A ligação da universidade ao mundo das empresas é um dos mais relevantes fatores de competitividade de uma economia moderna. Na economia do século XXI, talento e inovação definirão as vantagens competitivas dos campeões europeus e globais, capazes de criar empregos estáveis e de pagar salários mais elevados. Vencerão nesta corrida as nações e as cidades que melhor conseguirem uma relação mais competente entre o conhecimento académico e a sua aplicação em talento e inovação na economia e nas empresas e nas administrações públicas – envolvendo-as, por sua vez, no apoio ao desenvolvimento dos ecossistemas universitários e da educação dos jovens e ao longo da vida.

Competências como a criatividade e o espírito disruptivo, a colaboração em ambientes de grande diversidade, ou a coragem para tomar decisões e correr riscos, que estão hoje no topo das preocupações das principais empresas em Portugal e no estrangeiro, são impossíveis de desenvolver em universidades herméticas, por professores fechados na torre de marfim. Por outro lado, o espírito crítico e o rigor analítico, assim como um conhecimento técnico e científico de fronteira, continuarão a ser fundamentais para o sucesso económico, num mundo onde a tecnologia se assume cada vez mais a força dominante. A necessidade de fazer evoluir a parceria entre a universidade e as empresas, e de providenciar mais inovação e modernidade nas administrações públicas em reforma permanente, só tem um sentido: beneficiar a sociedade.

Os jovens mais motivados estão conscientes desta simbiose, procurando universidades que ofereçam uma ligação forte a empresas e start-ups sustentada em verdadeiros ecossistemas de desenvolvimento das competências do futuro. Questionados sobre as principais razões para estudar na Nova SBE, os alunos alemães referem a ligação às empresas e à economia, logo a seguir à atratividade da metrópole lisboeta. Manifestam aliás sentido crítico sobre o sistema do seu país quando não abre suficientemente a universidade à sociedade. Do outro lado, as empresas em Portugal, na Alemanha e no resto do mundo rivalizam de modo crescente por estes alunos capazes de aliar as competências soft e hard desenvolvidas num ecossistema virtuoso que alavanca a experiência das empresas, o saber da academia e a inovação das políticas públicas.

Este ecossistema será, a meu ver, o futuro da universidade em todo o mundo – em colaboração crescente um primeiro tempo, no mesmo espaço num futuro próximo. Os exemplos de Stanford nos EUA ou do Tecnion em Israel espalham-se agora pelo mundo. Em Nova Iorque, Michael Bloomberg gastou muitos milhões para convencer Cornell a criar um ecossistema semelhante em Manhattan, com financiamento público e privado. Na vanguarda deste movimento, a Nova SBE embarcou num projeto para desenvolver um modelo semelhante, adaptando-o à realidade portuguesa. Os primeiros passos têm tido muito sucesso, não só na obtenção de financiamento, mas também nas parcerias de inovação e formação desenvolvidas, que têm sido reconhecidas nos rankings internacionais, na empregabilidade internacional, na atratividade de alunos estrangeiros e na obtenção de financiamento à investigação.

Este é claramente um modelo virtuoso, que contribuirá para a produtividade e a melhoria das condições de vida em Portugal. Mas este é também um modelo novo, só possível pelo enquadramento criado pela visão de José Mariano Gago na elaboração do RJIES, e pela vontade da academia portuguesa em abrir-se para evoluir. Nesse sentido, é um modelo ainda mal compreendido por muitos, ameaçador para outros e sobretudo com espaço para ser melhorado e aprofundado, como é compreensível para um desenvolvimento institucional tão recente.

Vem isto a propósito da cobertura noticiosa recente sobre a Nova SBE. É sinal do potencial deste modelo, o escrutínio e a atenção que o projeto recebeu. Este escrutínio, que não é frequente na universidade portuguesa, permitir-nos-á aprofundar e melhorar o nosso modelo, torná-lo ainda mais robusto na sua relação com toda a sociedade. Estamos apostados em continuar na vanguarda, como sempre o temos feito, na investigação, no ensino, no impacto, no reconhecimento, mas também na governança e na transparência. Esta é uma evolução que temos e queremos liderar, pois é o único caminho para uma universidade de futuro e com futuro. E essa universidade é, por sua vez, o único caminho para um país com futuro.

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