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Daniel Traça - Professor na Nova SBE 10 de Fevereiro de 2021 às 09:40

Impacto na sustentabilidade: uma missão partilhada

Com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que endereçam os desafios sociais e ambientais, mas também dimensões económicas que asseguram o rendimento, as Nações Unidas abriram caminho para uma nova métrica de progresso da humanidade.

Para criar um futuro mais sustentável, cabe agora a cada um de nós e a cada uma das nossas empresas, organizações sociais, e instituições do setor público medir e reportar a forma como a sua atividade permite alcançar cada um destes objetivos. E também, às universidades…

A Nova SBE acaba de publicar o seu relatório de impacto do ano letivo 2019/20, descrevendo, através de métricas quantitativas e estudos de caso de projetos e iniciativas, a contribuição da escola para os objetivos do desenvolvimento sustentável. Com esta publicação, a Nova SBE presta contas sobre o impacto das atividades desenvolvidas pela nossa comunidade de professores, colaboradores e alunos, em colaboração com os nossos antigos alunos e outras instituições. Como escola de negócios e economia de cariz internacional, produzimos conhecimento e desenvolvemos talento que, de forma crescente e explicita, contribuem para um mundo mais sustentável. Mas o envolvimento com o território do nosso campus, no concelho de Cascais, e as nossas práticas organizacionais, do ponto de vista ambiental e social, são dimensões igualmente críticas do nosso impacto no desenvolvimento sustentável.

A divulgação anual deste relatório responsabiliza-nos ainda mais perante a sociedade. Na base, está a preocupação com o impacto e a sustentabilidade, na operação, estratégia e valores da escola. É uma preocupação que transcende a gestão do risco reputacional ou o posicionamento de marketing. Por crermos que o impacto e a sustentabilidade devem ser transversais à organização, desenvolvemos em 2020 um esforço para integrar todos os membros da comunidade nesta abordagem e para prestar contas interna e externamente. Há ainda muito para fazer: em ajustar a estratégia e a prática académica, mas também em aprofundar métricas e inovar nas abordagens a seguir. Mas este foco permite-nos começar cedo num caminho que o mundo exige de todos nós, e com a abordagem vanguardista que faz parte dos valores da escola desde sempre.

Este é o caminho indispensável, que assegurará, se com sucesso, a sobrevivência do nosso planeta e da nossa sociedade. Estou crente de que, a prazo, é o caminho que teremos de fazer todos; que, a prazo, todas as universidades serão compelidas a produzir um testemunho semelhante. E não apenas nas universidades.

O caminho das sociedades humanas em direção à sustentabilidade exige, entre outras mudanças, uma alteração radical da governação das organizações e das instituições. Cinco décadas depois de Milton Friedman defender que as empresas se deviam focar no lucro, e depois de três décadas em que a cotação bolsista foi definida como métrica do valor das empresas e da avaliação do CEO, os líderes de quase todas as grandes empresas mundiais reconhecem hoje que a responsabilidade para com a sustentabilidade faz parte dos seus objetivos e da sua missão. Com os ODS a assumirem-se como métrica, essa responsabilidade exigirá uma medição clara e explícita do impacto de cada organização para esses objetivos e, a prazo, pela responsabilização dos gestores e das organizações por essa contribuição.

O desafio que hoje se levanta é como definir e medir essa contribuição e como incorporá-la nos objetivos da governação das empresas. O foco no lucro e na valorização bolsista tem um mérito de ser simples de entender e fácil de medir. Sem uma alternativa, abriremos a porta ao “greenwashing”, onde não avaliaremos a contribuição efetiva para um mundo melhor, mas apenas a competência das equipas de comunicação. O relatório de impacto da Nova SBE é uma experiência na responsabilização institucional pelo impacto na sustentabilidade. Queremos melhorar e aprofundar, mas estamos seguros de que este é o caminho para o futuro. Do nosso lado, começamos a caminhada, e não queremos fazê-lo sozinhos.

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