Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
Sandra Clemente - Jurista 26 de Fevereiro de 2017 às 18:21

O significado do conselheiro

Não se influencia a política de um país ficando de fora eternamente. Saindo da política para as empresas, um bocado como quando as grandes petrolíferas passaram todas a investir em renováveis.

Os partidos são projetos de poder. Não é preciso que Louçã nos lembre o óbvio. Quando foi nomeado para o conselho consultivo do Banco de Portugal só está a trazer-se para o interior do sistema - e de que maneira, já é um dos "sempre os mesmos" entre quem tudo roda - para concretizar o projeto político do BE. Em Novembro de 2016 já tinha dito que eram precisos novos acordos à esquerda que incluíssem a banca, entre outras coisas a gestão do sistema bancário. Voilà! Já o Verde Joschka Fischer, que chegou a vice-chanceler alemão, tinha mostrado como se faz. Ala realista do partido, chamou-se assim, à que mostrou capacidade de governar e negociar, e ceder, para influenciar a política alemã.

 

Não se influencia a política de um país ficando de fora eternamente. Saindo da política para as empresas, um bocado como quando as grandes petrolíferas passaram todas a investir em renováveis. Podem ter feito de conta, mas a dada altura perceberam ser melhor garantir que tinham uma palavra a dizer num negócio que estava para ficar. Não gosto, mas o perigo é ignorar que o BE decidiu ser, e já é, um partido de governo, embora ainda tenha Catarina Martins, nos debates quinzenais, a berrar como se fosse de protesto. Não convém deixar que nos distraiam. Ou se tem votos para ter poder e implementar as nossas políticas, ou se tem votos para os condicionar, se se tiver de negociar com eles.

 

Num artigo curioso no New York Times, Move Left Democrats, o autor constata que os democratas perderam mais votos para terceiros partidos e para a abstenção do que para os republicanos. Conclui ainda que o mais eficaz seria os democratas irem buscar esses votos, se querem voltar a governar. Falamos de Trump como o campeão dos "milhões de esquecidos". E teve esse voto, como tiveram outros candidatos dos que não quiseram votar Trump, mas quiseram protestar contra o sistema ou pura e simplesmente libertar-se dele. Lá, como pela Europa fora, logo também por aqui. Certamente os grandes partidos portugueses sabem para quem perderam, ou a quem não foram buscar, votos nas últimas legislativas. Estão a conquistá-los?

 

Jurista

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio