1. Há dados que vão chegando que indiciam uma redução na procura turística, nomeadamente no sul do país. Em Lisboa, e julgo que também no Porto, continua a haver uma subida, embora no caso de Lisboa, mais ligeira do que em anos anteriores. É evidente que seria difícil a procura continuar a aumentar ao mesmo ritmo, dada a "normalização" noutros destinos como a Turquia ou a Tunísia e tendo em conta ainda as consequências do Brexit na disponibilidade dos turistas do Reino Unido. Não é preocupante, mas há que estar atento e, principalmente ter bem presente que o crescimento do país não pode assentar só num ou dois setores de atividade, ainda por cima, quando são muito dependentes um do outro como tem sido o caso do imobiliário e dessa procura turística.

2. A escolha do aeroporto de Beja, para aterrar em Portugal o maior avião do mundo, o Airbus A-380, é muito interessante. Tenho defendido sempre o aproveitamento das infraestruturas aeroportuárias de que o país dispõe. Tenho sublinhado o caso da base de Monte Real que é muito mais evidente. Mas Beja não deve ser negligenciado, nomeadamente, no que pode representar de desenvolvimento e progresso económico para a região que circunda aquele aeroporto. Em Portugal, infelizmente raciocina-se e trabalha-se muitas vezes com base no preconceito e há quem seja muito lesto a afirmar que aquele aeroporto é um investimento inútil e não serve para nada. Mas, pergunto: tem o país investido ou pensado em investimentos que o tornem mais útil? O grupo parlamentar do Partido Socialista visitou aquela região, nas suas jornadas parlamentares, e falou na necessidade do investimento na eletrificação da linha do caminho de ferro ligado a Beja pois, o caminho para o Alentejo tem que ser por aí exatamente: assegurar ligações capazes das capitais de distritos desta região portuguesa a outras cidades e nomeadamente a Lisboa. Havendo preocupação genuína pela coesão territorial é bom afastar os preconceitos nos processos de decisão política. Quando os programas de promoção turística das diferentes componentes do Alentejo puderem estar mais ligados à utilização deste aeroporto, a procura turística poderá naturalmente melhorar para além de proporcionar uma maior atratividade para o investimento externo naquela zona do país.

3. De vez em quando, discute-se o tema dos comentários e das análises na comunicação, seja matéria política, matéria desportiva, matéria económica, ou outras. As análises sobre o funcionamento dos mercados de capitais, têm várias vezes momentos menos felizes, ou menos compreensíveis. Já o escrevi e volto a fazê-lo. Ainda agora, em semana de divulgação de resultados, ao tentar-se a explicação da queda abrupta da cotação de uma empresa, fala-se numa diferença nos lucros apresentados de cerca de 2 milhões de euros em relação às previsões dos analistas de uma instituição financeira. E falamos numa diferença de 2 milhões em cerca de quase 200. Fará sentido? Se não há explicação, é melhor não dar. Aliás, as análises, pronunciamentos e previsões nesta área também suscitam questões, que nunca vi tratadas, em sede de incompatibilidades.  

Advogado

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