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24 de Abril de 2020 às 09:40

Nem se discute

D. Manuel Clemente não tem, nesta matéria, uma posição política, nem é esse o seu papel. Num ato de cortesia, faz o mesmo que os seus antecessores fizeram, independentemente das circunstâncias de cada ano: aceitou o convite.

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A ida do cardeal-patriarca de Lisboa às cerimónias comemorativas do 25 de Abril na Assembleia da República não merece sequer discussão. Na verdade, o cardeal-patriarca nada tem que ver com a iniciativa da cerimónia. Foi o Parlamento que a decidiu realizar e foi o presidente da Assembleia da República que convidou o Senhor D. Manuel Clemente, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Recorde-se que o Estado é laico e que existe separação entre o Estado e as igrejas. Se alguém que tenha tido funções políticas tomou ou tomar a decisão de não estar presente, pode ser apoiado, censurado, discutido e discutível. Sublinhe-se e lembre-se que é tradição, nas cerimónias do 25 de Abril, até como reconhecimento da posição muito especial da Igreja Católica na sociedade portuguesa, que o cardeal-patriarca de Lisboa seja convidado para a tribuna de honra. Assim tem acontecido, sempre, ao longo destas décadas, com o convite e com a presença.

D. Manuel Clemente não tem, nesta matéria, uma posição política, nem é esse o seu papel. Num ato de cortesia, faz o mesmo que os seus antecessores fizeram, independentemente das circunstâncias de cada ano: aceitou o convite. Não aceitar, com ou sem explicações, seria tomar partido numa polémica em que não se pode nem se deve envolver. Para quem não saiba, foi o cardeal-patriarca de Lisboa quem celebrou a missa de domingo passado, transmitida pela TVI, no caso, da Igreja dos Navegantes, em Lisboa. Fica a nota, para ilustrar como D. Manuel Clemente, como é óbvio, procura estar sempre onde deve estar (passe qualquer tipo de comparação entre as cerimónias que, como é óbvio, nada têm que ver uma com a outra).

Sabemos todos que esta é uma época muito complicada e muito sensível pelo que se percebe perfeitamente que haja muita matéria que pode ser discutida a propósito destas cerimónias do 25 de Abril. Quem quiser que o faça. A presença do cardeal-patriarca, essa, entendo eu, nem se discute. É o cumprimento de um dever institucional. Como é compreensível, independentemente do que cada um pense, seria uma afronta que a figura cimeira da Igreja Católica em Portugal fizesse essa afronta ao Parlamento, recusando o convite para uma cerimónia em que vai estar o Presidente da República e os outros órgãos de soberania.

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