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10 de Setembro de 2015 às 00:01

E o sistema de saúde?

Nesta campanha eleitoral muito se tem falado da sustentabilidade do sistema da Segurança Social. Tem-se falado muito mas tem-se concretizado pouco, deixando-se para depois das eleições e, para um eventual pacto de regime, a especificação das medidas a tomar para fazer face a esse défice de mais de 600 milhões de euros.

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Continua-se pois sem saber se será mais pelo lado do aumento das contribuições ou "descontos" para a Segurança Social e, genericamente, pelo lado das receitas, ou se seria pela redução das prestações, hoje em dia assumidas pelo Estado. Curiosamente, fala-se muito nessa área mas esquece-se a torturada área da Saúde.

Que se saiba, nenhuma força política concorrente ao próximo ato eleitoral desenvolveu ainda as suas ideias nesta matéria e, nomeadamente, qual o limite do desequilíbrio de exploração anual para a gestão da Segurança Nacional de Saúde. Tornar equilibrado o sistema da Saúde é também uma equação muito difícil de resolver. Os anos passam, os governos sucedem-se e chega-se ao fim do ano sempre com um significativo défice de exploração. Ciclicamente, para não dizer constantemente, são tomadas medidas de contenção, chega-se ao ponto de encerrar unidades, pelo país todo, desde maternidades, a centros de saúde e hospitais, mas o saldo final nunca se altera muito.

Estamos no tempo de uma devolução de responsabilidades nesta área, do Estado às Misericórdias. São assinados contratos-programas, são previstas comparticipações por parte das administrações regionais de Saúde mas sabe quem lida com essas realidades no dia-a-adia que a tendência é para essas mesmas comparticipações serem cada vez mais insuficientes face à realidade existente num país cada vez mais envelhecido.

Faz muita impressão que possa decorrer um período eleitoral inteiro sem se ouvir falar devidamente de uma matéria como essa. Saber o que pensa cada uma das forças políticas e saber as diferenças que existem entre as suas propostas devia ser um elemento essencial para quem está ainda indeciso puder chegar a uma conclusão. Mas não só para quem está ainda indeciso: qualquer eleitor, para ponderar as razões do seu sentido de voto devia saber muito bem qual a posição de cada força política sobre esta área essencial da vida de cada um e da vida em comunidade e, portanto, também a área essencial da governação. Ignorar o que se passa com as chamadas altas hospitalares de pessoas dependentes, e com os problemas que se põem com o seu acolhimento, é passar ao lado de uma das maiores dificuldades do dia-a-dia de muitas famílias e de muitas instituições da sociedade portuguesa. Oxalá, no debate entre os dois candidatos a Primeiro-Ministro, e, depois, nas semanas que faltam, a situação se modifique e se fiquem a conhecer para os próximos anos as ideias de cada um sobre a governação na área da saúde. 



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