É grave, senão muito grave, mas é a nossa mentalidade. E se não acreditarmos não vamos passar do mesmo. A história repete-se e não é novidade, somos pequenos porque nos achamos pequenos. E não me digam que é porque o país é pequeno, pois temos outros países na Europa que são menos populosos que o nosso e muito mais ricos e com maior credibilidade.

Parece que ainda não aprendemos, mesmo tendo empreendedores que deram provas disso, não só no mundo empresarial como no percurso de uma carreira exemplar, como José Mourinho ou Cristiano Ronaldo. Exemplos de portugueses no mundo com sucesso não nos faltam, tendo inclusive começado pela nossa própria História. Mas, mesmo assim, parece que os portugueses não acreditam nos portugueses.

A primeira coisa que fazemos é diminuir-nos a nós próprios e pensar que os outros, aqueles extraterrestres que estão lá fora que não conhecemos de lado nenhum, são uns gurus e têm mais credibilidade do que nós. Isso é o importante. Mas quando vamos conhecer a realidade dos empresários estrangeiros até encontramos alguns que conseguiram acabar, não só com o seu negócio, como também com a economia mundial.

Afinal, eles continuam com toda a credibilidade, entenda-se os americanos, sem crise, e a continuar a empreender e a conquistar investidores, a ser a marca de confiança. E onde anda a fama dos portugueses? São aqueles que estão algures na Europa. Muitos com quem falo no estrangeiro nem sabem onde fica Portugal. Mas se falarmos de Mourinho ou de Cristiano, sabem perfeitamente quem somos. A diferença entre estes ídolos e o resto dos portugueses é que eles acreditaram que podiam ser iguais ou melhores do que os outros, enquanto muitos nem colocam a questão.

Já trabalhei com muitos países, como a Noruega, Espanha, Polónia, França e há muito que conheço outras culturas como a brasileira, a americana, a asiática e a africana. Em particular com os países com os quais trabalhei, posso garantir que não existem os tais extraterrestres, supostos gurus, mas que na verdade não são mais do que nós. Muitos até são bem piores. A diferença está em que eles defendem o seu país e acreditam nas suas capacidades, às vezes até para além daquilo de que são capazes. A isto chama-se ter a capacidade de sonhar para um dia concretizar e vencer. Quem não sonha não cresce.

Se quer que outros invistam em si, tem, em primeiro lugar, de acreditar em si próprio. Se não acredita, como é que outros vão acreditar? Depois, tem de assumir riscos e tentar fazer sempre mais do que sabe fazer. Caso contrário, não cresce. A teoria de que, se uma pessoa não tem experiência em determinada matéria, não deve meter-te nela, é simplesmente derrotista e pouco ambiciosa. Como é que, então, se consegue evoluir? Como é que outros chegaram ao topo? Ninguém nasce ensinado. Por esta razão, tem de correr riscos e aprender para poder crescer. É isto que um empreendedor tem de interiorizar se quer ver outros a apostar nele e se quer fazer de Portugal uma referência mundial. Enquanto o espírito não for este, podemos continuar no nosso pequeno rectângulo entretidos com aquilo que não nos faz crescer.

Não acreditem que não conseguem, porque eu sei e tenho experiência própria que, sim, é possível, pois muitos dos meus sonhos já foram realizados. Mas não esperem que a experiência apareça sem fazerem nada, nem que a oportunidade floresça no horizonte sem se mexerem. Aí, sim, fica difícil.

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*Fundador da Zonadvanced e Bluegrana Capital Corporation