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11 de Janeiro de 2021 às 19:20

Um povo zangado

O povo vê, sente e fica zangado com o sistema, presa fácil de populismos de quem lhes diz o que querem ouvir. André Ventura é um problema, mas combate-se com um Estado eficaz, menos corrupto e melhor, devolvendo a ambição e os sonhos às pessoas. Demonizá-lo só lhe dará força.

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A FRASE...

 

"Não são os democratas que fazem os fascistas, os comunistas, os terroristas, os arrogantes, os populistas… Mas são os seus erros, os seus defeitos e os seus vícios que inevitavelmente conduzem à destruição da democracia." 

 

António Barreto, Público, 10 de janeiro de 2021

 

A ANÁLISE...

 

As pessoas estão zangadas. Com o estado a que isto chegou, com o desespero que traz a falta de esperança. Tínhamos o sonho de nos aproximar dos níveis de vida europeus, cada vez mais uma miragem enquanto nos afundamos na liga da pobreza, quase ultrapassados pela Roménia, deixando apenas a Bulgária atrás de nós. Na Zona Euro, por exemplo, só a Letónia tem piores salários. Um país descrente onde o Estado falsifica CV para amigos, deputados que falsificam entradas e moradas para subsídios, e não passa nada, mata estrangeiros no SEF, mantém escolas abertas com alunos gelados, penaliza proprietários com regras sociais, mas não sabe quantos imóveis tem, mente na disponibilidade de vacinas para a gripe, não disponibiliza bases de dados científicos para combate à pandemia, cria esperanças no Stayaway Covid, para depois o esquecer porque não o consegue executar, onde 20% dos portugueses não têm dinheiro para se aquecer e temos uma das eletricidades mais caras da Europa num dos países mais pobres. Pobreza que não impede gastar-se 4 mil milhões de euros numa TAP em que poucos voam e cujo interesse nunca foi quantificado. Porque sim. Enquanto isso, os hospitais rebentam, sem dinheiro, pelas cativações de Centeno, apenas mais um ano de caos nas urgências, saiu a gripe entrou a covid.

 

Um Estado em cegueira ideológica, homicida involuntário dos mais pobres e excluídos, a quem não dá o direito ou subsidia, como faz aos seus funcionários, de poderem escolher a sua saúde. Quem pode compra seguros de saúde e foge das listas de espera de dois anos, numa desigualdade de saúde para ricos e outra para pobres. O que interessa na esquerda é falar em defender o SNS. A real defesa é nele investir. Se for bom os privados fecharão as portas, sem tantos clientes.

 

Um Governo que apenas ocupa o poder, dum PS que se confunde com o Estado, por lá em 18 dos últimos 25 anos, e primeiro responsável pelas políticas de empobrecimento, compadrio e pela troika.

 

E o povo vê, sente e fica zangado com o sistema, presa fácil de populismos de quem lhes diz o que querem ouvir. André Ventura é um problema, mas combate-se com um Estado eficaz, menos corrupto e melhor, devolvendo a ambição e os sonhos às pessoas. Demonizá-lo só lhe dará força.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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