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22 de Março de 2021 às 19:31

Recuperar a procura, à Biden

Não seria melhor o Estado reconstruir essa falha? Em vez de megalomanias públicas seria melhor dar um cheque de 400 euros a cada português para gastar em hotelaria, e turismo em geral, uma parte fora de época.

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A FRASE...

 

"Distribuir dinheiros europeus pelas empresas portuguesas, por si só, dificilmente contribuirá para o aumento significativo da capacidade produtiva nacional…" 

 

Ricardo Cabral, Público, 22 de março de 2021

A ANÁLISE...

 

É frequente escutarmos a narrativa do Governo, e de cronistas de serviço, de que o Estado é o mais capaz de utilizar devida e rapidamente os dinheiros europeus, para a recuperação da Economia. Dado o paupérrimo grau relativo de execução dos programas anteriores, o Portugal 20/20 terá perto de 50% ainda por executar, por exemplo, é apenas fanfarronice pública.

 

Sabemos que o Estado não exporta, mas pode ajudar as nossas PME exportadoras. E do que elas necessitam? Recursos humanos qualificados, com uma reorientação dos cursos superiores para as necessidades da economia e empregabilidade, como têm feito no Minho e em Aveiro, por exemplo. Não terem várias entidades públicas a pedir incessantemente os mesmos números. Celeridade na justiça. Portos mais eficientes, com custos semelhantes aos europeus. Tirando a recapitalização necessária, nada disto custa dinheiro, apenas organização. Mas o Estado tem de gastar dinheiro. Então investe na digitalização dos serviços do Estado, ou seja, em projectores, computadores, impressoras, etc, que não geram emprego apenas importações. Digitalização não é imprimir ou digitalizar documentos, tem a ver com novos desenhos e processos, com formação, organização e, sobretudo, incentivos. Uma sentença judicial continuará a ter 400 páginas, agora mais facilmente digitalizadas, apenas isso, os atrasos e dilações continuarão. E na prática são despesas correntes do Estado, o que tem suscitado algumas dúvidas da EU, e muito investimento público devido, mas não efectuado para cumprimento dum défice além da troika.

 

A crise é assimétrica e muito pronunciada em sectores com o turismo, por falha da procura. Não seria melhor o Estado reconstruir essa falha? Em vez de megalomanias públicas seria melhor dar um cheque de 400 euros a cada português para gastar em hotelaria, e turismo em geral, uma parte fora de época. Uma medida à Biden, de liberdade e mitigação, mas impensável para a ideologia do partido do Estado controlador, salazarento e omnisciente, pastor destes débeis contribuintes. Eram 4 mil milhões, mas se há esse dinheiro para uma TAP que traz menos clientes turistas que as low-costs…E pode sempre utilizar as poupanças com o investimento público que o PRR executará.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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