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11 de Março de 2021 às 09:40

Ou há moral ou comem todos

Todos deveríamos ter a oportunidade de ter uma ADSE. Ou, pela igualdade social, ninguém deveria ter. Como se diz, “ou há moral ou comem todos…”.

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A FRASE...

 

"Dois meses depois do arranque das inscrições para trabalhadores com contrato individual de trabalho (CIT), a ADSE já recebeu 38 mil inscrições."

 

Catarina Almeida Pereira, Negócios, 8 de março de 2021

 

A ANÁLISE...

 

Alexandra Leitão é talvez das ministras mais competentes e trabalhadoras deste Governo. Discretamente e com os parcos instrumentos de que dispõe, a ideologia igualitária e antimeritocrática, das carreiras e progressões, sem uma avaliação e incentivos reais, com pessoal docente mal pago, e discente bem pago, face ao mercado laboral, lá vai fazendo o seu caminho possível.

 

Esta abertura da ADSE a quem tem CIT com o Estado, que protagonizou, está a ser um sucesso muito melhor que as expectativas. Não será estranho.

 

Com a ADSE, essa invenção salazarista, de 1963, quando havia portugueses de 1.ª, 2.ª, 3.ª e até 5.ª classe, também no acesso aos cuidados de saúde, os seus beneficiários conseguiam ter saúde a baixos custos. Com o advento do SNS, um serviço universal de saúde para todos os portugueses, ter o Estado a gerir e promover uma ADSE obrigatória para os seus funcionários, que apenas dá uma opção para não utilização do SNS que tão devotamente criou, é ilógico. Isto acontece porque apesar das juras de amor a um SNS de excelência, nenhum governo ousa retirar a opção aos seus funcionários, e eleitores, de recorrer ao privado. Nem a extrema-esquerda, na sua hipocrisia de salão, alguma vez advogou o seu fim, apesar de esta servir apenas para financiar, que horror, os privados.

 

Isso leva-nos a outro ponto. Se o SNS fosse muito bom, os hospitais privados estavam às moscas e a ADSE era supérflua. Ninguém a quereria. A verdade oficial é que só não é assim porque se desinvestiu. Ora, o PS governou 19 dos últimos 26 anos, poderia ter investido, revertido, reduzido listas de espera, médicos de família para todos, etc. Não o fez.

 

E na hipérbole da narrativa oficial quando dizem que o SNS é que nos salva da epidemia, esquecem os outros países com um SNS diferente, público e privado, que também salva. Não há SNS melhores ou piores, há apenas burrices e cegueiras ideológicas. Para lá dos Pirenéus, os Estados promoveram subsistemas de saúde, Obama desejava-o, semelhantes à ADSE para todos os cidadãos. Lá, quando vou a um hospital nem tenho de saber se é público. Apenas vou.

 

Todos deveríamos ter a oportunidade de ter uma ADSE. Ou, pela igualdade social, ninguém deveria ter. Como se diz, "ou há moral ou comem todos…".

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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