Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
12 de Janeiro de 2016 às 00:01

Desígnio e lugar

Os que prepararam programas para as eleições legislativas de 2015 não podiam deixar de procurar todas as informações relevantes para poderem fundamentar as suas propostas - por investigação própria ou por informação obtida através de militantes credenciados.

  • ...

A FRASE...

 

"Não estamos cá só para resolver os Banifs que eles não tiveram coragem de resolver."

 

António Costa, Público, 10 de Janeiro de 2016

 

A ANÁLISE...

 

Em 2011, três instituições internacionais que assumiram o encargo de organizar um empréstimo de emergência a Portugal e de acompanhar o Memorando de Entendimento associado impuseram a condição da assinatura desse documento por três partidos. Logo a seguir, um desses partidos (o que antes tinha ocupado o lugar do poder) recusou ter qualquer participação na execução ou no acompanhamento desse programa.

 

Em 2013, uma iniciativa do Presidente Cavaco Silva para conseguir estabelecer uma plataforma de entendimento entre os mesmos três partidos, após o que se realizariam eleições antecipadas, esteve próximo da concretização, até que o mesmo partido abandonou esse projecto (sem que tenha havido uma explicação convincente para esse desfecho negativo).

Em Maio de 2014, quando terminou o programa de assistência externa, o partido que não tinha querido participar nesse programa, apesar da sua assinatura inicial, denunciou que o que se designava como "saída limpa" era, afinal, uma "saída suja" - e alguma informação teriam os seus dirigentes para fazerem essa denúncia. 

Os que prepararam programas para as eleições legislativas de 2015 não podiam deixar de procurar todas as informações relevantes para poderem fundamentar as suas propostas - por investigação própria ou por informação obtida através de militantes credenciados. Não se pode querer "cumprir uma visão, um programa, o desígnio de mais crescimento, melhor emprego e melhor igualdade" ignorando informações sobre a solidez das entidades bancárias.

A surpresa actual com "os Banifs" não pode ser verdadeira. A necessidade de ocupar o lugar do poder continua a ser mais forte do que a vontade de concretizar o desígnio: promete-se sem ter meios para cumprir.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio