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Opinião
18 de Outubro de 2017 às 20:30

Uma homenagem... e uma urgência

A assimetria na criação de riqueza e a distribuição de rendimentos estão a minar a confiança "social" num modelo que necessita dos mercados para garantir a sua sobrevivência.

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A FRASE...

 

"A Real Academia das Ciências Sueca anunciou esta segunda-feira, 9 de Outubro, a atribuição do Prémio Nobel das Ciências Económicas a Richard H. Thaler."

 

António Larguesa, Jornal de Negócios, 9 de Outubro de 2017

 

A ANÁLISE...

 

Numa leitura "a posteriori", três notícias recentes estão ligadas por um fio condutor que dá que pensar sobre o momento que atravessamos dentro e fora do país, explicar aparentes perplexidades e, no fim, justificar uma reflexão profunda sobre a organização político-social e o papel do Estado.

 

Tenho por princípio que o Estado está investido de poder para duas realizações fundamentais: "configurador" e "regulador" social. No primeiro caso, a projecção de um ideal de sociedade e, no segundo, a garantia dos meios necessários à sua concretização. Tudo isto sob o escrutínio dos cidadãos.

 

Agora as notícias. O livro recentemente editado - "Capitalists Arise! End Economic Inequality, Grow the Middle Class, Heal the Nation" - sustenta a tese, não nova, de que o capitalismo caminha a passos largos para autodestruição. A assimetria na criação de riqueza e a distribuição de rendimentos estão a minar a confiança "social" num modelo que necessita dos mercados para garantir a sua sobrevivência.

 

Mais proximamente, a homenagem. Thaler viu ser-lhe atribuído o Nobel pelos contributos para a economia comportamental. Dando por adquirido o edifício social em que habitam, os indivíduos procuram, por norma, a sua própria satisfação. Quando tomadas globalmente, as decisões marginais individuais são inconsistentes com a preservação da sociedade.

 

A fechar, o Presidente da República incentivou os portugueses a uma maior consciência e responsabilidade social, salvaguardando que as suas ideias não eram uma deriva liberal, mas referindo que nas sociedades avançadas se recorre menos ao Estado e se cultiva mais um espírito de partilha e de solidariedade.

 

Os três episódios isoladamente valem o que valem. No seu conjunto, retratam a fragilidade dos tempos modernos e a urgência em encontrar um novo rumo para a organização política, quando os valores sociais e a moral não são o que eram, e a preservação da sociedade exige a reinvenção nas formas de projectar e executar um "ideal" colectivo que não soçobre aos estímulos individuais marginais que vão sempre existir!

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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