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Luís Bettencourt Moniz 07 de Fevereiro de 2017 às 20:02

Revolução de Maio, privacidade e segredos de polichinelo  

A revolução tem data marcada: Maio de 2018. O novo regulamento geral sobre a protecção de dados da UE implicará mudanças estruturais nos sistemas de informação e nos processos de marketing das empresas privadas e da administração pública central e local.

Para muitos a comparação pode ser feita ao "bug" do ano 2000. A nova legislação será mais restritiva na utilização por parte das organizações, que operam na UE independentemente da sua origem, dos dados pessoais - desde e-mail, morada, telefone, fotos, imagens, "posts" em redes sociais da empresa, entre outros. Mais privacidade com consentimento prévio da transferência de dados pessoais, acesso aos mesmos e sobretudo o direito ao esquecimento. As penas são severas e podem ir até aos 4% do volume de negócios.

 

Vão começar as dores de cabeça, tanto para o marketing como para os sistemas de informação. Para cumprir com o regulamento, as organizações vão ter de saber onde estão os dados dos seus clientes. Parece fácil, mas não o é na prática. A informação dos clientes está espalhada por diferentes sistemas, desde os de marketing até aos financeiros, passando, por exemplo, pela logística. Além de dados espalhados por sistemas individuais e informais. Mais, as cópias de segurança também são abrangidas. Um autêntico quebra-cabeças.

 

Depois de solucionado é o problema de transformar os processos que envolvam dados pessoais, ou seja, praticamente todos, de forma que respeitem a privacidade que passa a fazer parte do próprio desenho de sistemas e aplicações e respectivo fluxo de dados. A encriptação dos dados, ou outras técnicas como a eliminação ou substituição dos dados pessoais, passa a ser parte integrante dos sistemas. Desde as bases de dados centrais até às aplicações móveis. Não é um problema apenas jurídico, mas também tecnológico e com impacto nos departamentos que se relacionam com o cliente, nomeadamente o de marketing. A UE aconselha que seja criada uma nova função o "Data Protection Officer" nas organizações com maior complexidade.

 

A exigência pela privacidade aumentará por imposição legal. Resta saber se os consumidores a vão levar a sério e, quais as gerações que estarão mais sensíveis. Ou, se pelo contrário vamos ser muito exigentes e depois transformamos as redes sociais em veículos de segredos de polichinelo.

 

Nota: o autor não aderiu por vontade própria ao convencionalismo do recente acordo ortográfico.

 

Responsável de Marketing no SAS Portugal

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