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Cinco ideias fora do mundo

A minha amiga Li, sul-coreana, diz que está farta da maneira como os franceses fazem as coisas. Quando há um problema convocam uma manifestação, proclamam grandes palavras, depois voltam para casa e fica tudo na mesma. Concordo.

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Por isso, não querendo alimentar o folhetim de falsas questões, onde abunda o irracionalismo religioso, resolvi alinhar algumas ideias que não são deste mundo. Para distrair e estimular o pensamento para lá deste tempo estúpido em que estamos.

 

Enviar o spam para o espaço.

 

Toda a gente considera o spam uma praga. Há mesmo quem ganhe a vida a combatê-lo. Pois eu proponho preservá-lo, enviando-o para o espaço de forma sistemática e referenciada. Todo o tipo de mensagens spam. Publicitárias, de sexo, falaciosas, burlonas, estúpidas ou simplesmente chatas. E porquê? Porque esse material é aquilo que melhor nos define enquanto civilização. É o nosso mais fiel retrato. Aquilo que qualquer explorador extraterrestre gostaria de ter acesso. Uma civilização não se conhece em profundidade pelo grandioso mas pelo trivial, pelo reles. E o spam, melhor do que qualquer outra coisa, revela aquilo que realmente caracteriza a humanidade em tempo de vulgarização tecnológica. A sexualidade, a ganância, a debilidade mental.

 

Enviar mensagens para o futuro.

 

Num plano similar, ainda ninguém explorou seriamente a possibilidade de enviarmos mensagens para o futuro longínquo. Uma espécie de "time capsule" pessoal, na qual pudéssemos registar tudo o que gostaríamos de deixar para a descendência ou para a sociedade. Imagens, vídeos, textos, emails e sms trocados, o conteúdo de computadores inteiros, com tudo o que está lá dentro, desde o importante ao banal. Essa "time capsule" podia ficar selada com uma chave só possível de ser aberta numa determinada data. Imagine-se, no ano 3.000 ou, para os realmente ambiciosos, ainda mais longe, o ano 100.000 ou o ano milhão, por exemplo.

 

Um aeroporto para extraterrestres.

 

Uma ideia que tentei "vender" sem sucesso é a da criação de um aeroporto para extraterrestres. Um dia vão chegar, só não sabemos quando. Mas o aeroporto em si seria um sinal interessante da expectativa que já existe nessa visita, como esperança para uns e pavor para outros. Seria, por isso, um museu do absolutamente outro, o repositório da maneira como vemos os extraterrestres, o que esperamos deles ou o que tememos. O turismo estaria garantido.


Cometa artificial.

 

O ano passado apresentei o projeto de um cometa artificial, que aliás chamei Madiba em homenagem a Mandela, ele próprio uma espécie astral que atravessou velozmente os céus da sociedade atual. É fácil de fazer. Basta um satélite com uma longa cauda num material refletor. À noite seria visto em várias partes do planeta, enquanto monumento representativo do génio humano e da conquista do espaço. Essa conquista é cada vez mais importante. Vamos superando fronteiras impensáveis há poucos anos, as viagens a Marte, a confirmação de que existem planetas por todo o universo, muitos dos quais similares ao nosso. Mas não existe uma consciência geral de que já não somos simplesmente terrestres, mas também extraterrestres. O cometa recordaria isso. Todas a noites.

 

Segundo Sol.

 

Deixei para o fim a ideia mais ambiciosa, mas provavelmente a mais útil e, estou certo, um dia vai ser realizada. A rotação do planeta em torno do Sol gera o dia e a noite. O dia é em geral o tempo ativo e a noite serve para dormir. Mas a vida nas cidades há muito que deixou de seguir este padrão natural. A atividade prolonga-se pela noite dentro, e não refiro as diversões noturnas. Trabalha-se cada vez mais à noite, lojas ficam abertas até muito tarde e nalgumas cidades nunca fecham. Tanta atividade noturna tem os seus custos. Em consumo de energia e falta de segurança, por exemplo. Imagine-se então a colocação de uma enorme tela refletora em órbita, de tal forma que transformasse a vida nalgumas cidades onde seria sempre dia. Resultado: enorme poupança de energia, aumento da produtividade, criação de novas atividades. Uma cidade do dia eterno depressa se tornaria na mais atrativa do planeta.

 

Artista Plástico

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.

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