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Jorge Fonseca de Almeida - Economista 29 de Agosto de 2017 às 21:29

Micromomentos

A revolução digital veio aumentar a capacidade de pensar, decidir e agir dos consumidores. Hoje, entre o impulso inicial e a compra, o tempo comprimiu-se.

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Se no comboio para o emprego oiço um comentário racista dirigido a um jovem afro-português e decido que me devo informar sobre este tema quente nos dias que correm na sociedade portuguesa, posso reunir informação rapidamente no meu "smartphone" e listar a literatura mais relevante sobre o assunto, ler críticas sobre as obras, decidir o que comprar e encomendar o que pretendo. Tudo antes que o transporte chegue ao meu destino. Há um par de anos, este percurso teria levado vários dias. E não me refiro ao trajeto do comboio.

 

O mesmo se teria passado se pretendesse variar o jantar, poderia escolher uma receita, encomendar os ingredientes e decidir ir levantá-los a uma loja perto de casa; ou ir ao cinema à noite, analisando as opções, lendo as opiniões de outros cinéfilos, comprando o bilhete e marcando um táxi para me levar para casa no fim do filme. Pensem em qualquer outra atividade e verão que poderiam fazer o mesmo.

 

Os aparelhos de conexão móvel aliados à internet compactaram o tempo tradicional e criaram estes micromomentos em que tudo se decide.

 

A literatura classifica este micromomentos em quatro grupos, todos centrados no indivíduo enquanto agente: "Eu quero saber", "Eu quero ir", "Eu quero fazer" e "Eu quero comprar".

 

No primeiro, procuramos informação sobre um tópico, no segundo, queremos ajuda para nos deslocarmos - localização, trajetos, alternativas de transporte -, no terceiro, desejamos realizar uma ação, ver um filme, ouvir uma música, falar com alguém, preparar o jantar, montar um móvel, cortar a relva, nadar nas Caraíbas, etc., e no quarto momento, decidimos comprar algo, desde um livro aos ingredientes para a refeição, de uma casa a um automóvel.

 

É nestes micromomentos rápidos e efémeros, mas mil vezes repetidos por uma multidão humana, que as escolhas se fazem, que os negócios acontecem.

 

Naturalmente, estas transações fazem-se essencialmente com quem estiver conectado, com que estiver no sítio certo à hora certa. Se pretendo comprar o livro que está no topo da minha escolha e ele não está disponível, opto pelo segundo da lista.

 

Há muito sabemos que a disponibilidade é um fator essencial na escolha do cliente. Hoje essa disponibilidade ganha um novo significado e uma nova forma.

 

 

A empresa se pretender ser relevante para o seu potencial cliente deve estar presente nestes quatro micromomentos, sob pena de ver os seus concorrentes conquistar-lhe paulatinamente o mercado. A gestão desta presença é hoje peça central do marketing contemporâneo.

 

Economista

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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