Opinião
O último drama grego
Os investidores financeiros é que tiveram razão ao actuarem com optimismo, indiferentes às ameaças que iam surgindo no espaço público sobre a Grécia. A Zona Euro viveu mais um dos seus dramas em cima do precipício.
Tudo acabou bem mais uma vez. Com mais umas quantas facadas na confiança sobre o futuro do euro com danos inevitáveis na recuperação do investimento que cria valor e empregos. Mas com a certeza que esta pode ser a última oportunidade da Grécia.
O Eurogrupo aceitou estender o empréstimo da Grécia por mais quatro meses e a partir de agora, ao que parece, vai deixar de se falar em troika, memorando e programa. É todo um novo vocabulário que nasce da crise grega. Vamos ter de esperar mais uns dias para perceber o que mais mudou, para saber se o abalo grego deu aos líderes da Zona Euro bom senso para começarem a adaptar a política económica aos problemas que enfrentamos agora, a ameaça de deflação.
A Grécia conseguiu quatro meses sem um novo resgate e, aparentemente – é preciso perceber ainda – sem um programa cautelar. Basicamente parece ter obtido o tal apoio financeiro de transição que queria desistindo dando aos credores dois meses – terá quatro meses e não seis meses como desejava.
É preciso ainda esperar para fazer um balanço final do que conseguiu a Grécia com a pedrada que lançou para o charco em que se estava a transformar a Zona Euro. Mas, para já, ficou demonstrado que não é assim tão fácil atirar um país para fora do euro. Nem para o rejeitado nem para quem quer expulsar.
É compreensível que países como Portugal, Espanha e Irlanda se sintam bastante irritados com o que se passou. Mas não é racional. Todos irão ganhar com o que fez a Grécia e com o que conseguiu o novo governo grego. E os gregos têm ainda um longo caminho a percorrer até chegarem ao sítio onde nós já estamos. O problema está nos efeitos que as conquistas de Atenas podem ter no quadro de incentivos da construção do euro.
Para a Grécia esta é sem dúvida a última oportunidade. Se o Governo grego falhar desta vez, dificilmente voltaremos a ver o mesmo apoio. Um novo drama grego promete ser uma tragédia para o euro.
Agora é tempo de esperar para perceber melhor o que de facto está em cima da mesa do governo grego. Para compreender se há uma renovada Zona Euro.